Montezuma Cruz
Publicada em 05/05/2020 às 15h51
“Morrer, se necessário for; matar, nunca”. Princípio que o marechal se referia diretamente aos nativos da terra
Em comemoração diferenciada, devido às restrições de aglomeração humana impostas pelo Ministério da Saúde, por causa da pandemia mundial da Covid-19, a 17ª Brigada de Infantaria de Selva lembrou hoje (5) a data de nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
A Ordem do Dia, do Comando do Exército Brasileiro, lida e divulgada pelo comandante general de Brigada, Luciano Batista de Lima, lembra que Rondon é o patrono da Arma de Comunicações.
“Ela (Arma de Comunicações) tem a missão de instalar, explorar, manter e proteger os sistemas de comunicações dos diversos escalões de comando, possibilitando que as ordens sejam repassadas e cumpridas com rapidez e eficiência, além de garantir a consciência situacional e contribuir para a manutenção da superioridade das informações”.
Em anos anteriores, o 17º Pelotão de Comunicações de Selva perfilou em frente ao busto do marechal. Em 2016, também estava ao lado do busto a estação terrestre Fly-away, conhecida por ETT-FA, um meio de comunicação por satélite.
Faz 155 anos anos que Cândido Rondon nasceu, em Mimoso (MT). Sua saga é conhecida mundialmente. Seu nome foi dado a praças públicas, ruas e escolas, em diversas cidades brasileiras.
ÍNTEGRA DA NOTA
O Exército Brasileiro comemora no dia 5 de maio, data do nascimento do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, um dos filhos mais ilustres do Brasil, o Dia da Arma de Comunicações.
O Marechal Rondon, filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina de Freitas Evangelista da Silva, nasceu em 1865, no lugar denominado Mimoso, localizado na Sesmaria de Morro Redondo, perto de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso. Em novembro de 1881, assentou praça no 3º Regimento de Artilharia a Cavalo e, em seguida, seguiu destino para a Escola Militar da Praia Vermelha. Em 1888, foi promovido a alferes-aluno, concluindo ainda nesse ano o curso de Estado-Maior de 1ª classe.
Em 1889, foi convocado a participar da Comissão Construtora da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Araguaia, a primeira comissão de penetração dos sertões criada pela República. Surpreendendo os meios civil e militar, foram estendidos 514 quilômetros de linhas telegráficas em 13 meses. Cumprida essa difícil missão, Rondon foi nomeado para o cargo vitalício de lente substituto da 1ª Seção da Escola Militar – Astronomia e Mecânica Racional. Um ano depois, atendendo ao pedido do Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro, retornou aos trabalhos da comissão, prosseguindo nas tarefas de integração dos sertões ao ecúmeno nacional.
A partir de 1893, nas suas constantes incursões pelo interior do estado de Mato Grosso, Rondon adotou o humaníssimo lema que o nortearia por toda sua existência: “Morrer, se necessário for; matar, nunca”. Princípio que se referia diretamente aos nativos da terra e que foi colocado à prova inúmeras vezes nos contatos com indígenas que habitavam a região.
Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção aos Índios e Trabalhadores Nacionais, atual Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo Executivo Federal. A Rondon coube a missão de ser seu primeiro diretor, justo reconhecimento pelo muito que realizou, tanto em defesa do índio, quanto da sua integração à Nação.
Em 1913, foi convidado para participar de uma exploração dos sertões brasileiros ao lado do Coronel Teodoro Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos da América. Essa missão tinha como objetivo maior sair do Amazonas pelo maciço central do Brasil, via rio da Dúvida, cujo curso ainda era desconhecido. Rondon animou-se a resolver esse assunto que o preocupava desde as expedições de 1907 a 1909, quando ele organizava o traçado da linha telegráfica de Cuiabá ao Madeira. Ao fim de 59 dias de penosa travessia, após percorrerem 686 quilômetros, e diante de uma equipe exultante, Rondon inaugurou uma placa mudando o nome do rio de Dúvida para Roosevelt.
No plano internacional, Rondon recebeu várias homenagens, entre as quais a de ser reconhecido pela Sociedade Geográfica de Nova Iorque, em letras de ouro sólido, no livro aberto aos visitantes, como o explorador que penetrou mais extensamente em terras tropicais.
Foi cingido com as insígnias do posto de Marechal do Exército Brasileiro, concedido em sessão solene pelo Congresso Nacional em 1955. Um ano depois, o Território Federal de Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia em sua homenagem. Rondon faleceu em 1958, aos 92 anos, na cidade do Rio de Janeiro.
A comunicação, desde o início dos tempos, sempre foi uma necessidade humana. Passando das formas rudimentares de escrita aos mensageiros, às transmissões por fio, rádio, satélite e, atualmente, à transmissão digital, essa necessidade é uma realidade em todas as dimensões da vida, entre elas a dimensão militar.
No campo de batalha, os comandantes carecem de informações precisas e confiáveis sobre as ameaças e suas próprias forças, no intuito de melhor aplicar o poder de combate nos momentos e locais decisivos para garantir a vitória. Nesse contexto, a Arma de Comunicações surge para proporcionar os meios da ciência do controle, necessários à aplicação da arte do comando e do exercício da liderança em todos os níveis. Por isso, ela é também conhecida como “A Arma do Comando”.
A atuação da 1ª Companhia de Transmissões, empregada junto à Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial, foi decisiva para o estabelecimento das ligações entre o comandante e as tropas desdobradas em solo italiano. Os ensinamentos colhidos por ocasião desta Grande Guerra resultaram na criação da Arma de Comunicações no Exército Brasileiro, instituída pela Lei Nr 2.851, de 25 de agosto de 1956. A escolha do seu patrono, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, ocorreu alguns anos depois em justo reconhecimento às realizações desse herói brasileiro.
A Arma de Comunicações tem a missão de instalar, explorar, manter e proteger os sistemas de comunicações dos diversos escalões de comando, possibilitando que as ordens sejam repassadas e cumpridas com rapidez e eficiência, além de garantir a consciência situacional e contribuir para a manutenção da superioridade das informações.
O contínuo evoluir do conhecimento e seu consequente avanço tecnológico impõem uma transformação constante nas comunicações militares. Tais fatores induzem à aquisição de novos equipamentos dotados de sistemas de segurança confiáveis e à contínua capacitação de seus quadros, que têm que estar aptos a realizar tanto o controle do espectro eletromagnético, por meio das atividades de guerra eletrônica, quanto as tarefas e ações da guerra cibernética.
Nobres combatentes comunicantes, na data em que homenageamos o nascimento do seu inesquecível patrono, inspirados na dedicação, na sobriedade, na coragem, na tenacidade e no espírito de sacrifício do Marechal Rondon, sintam-se privilegiados por serem parte de um grupo de profissionais competentes, que perseguem os avanços da tecnologia e trabalham em prol do Exército Brasileiro e do progresso da Nação. Que os versos escritos por Aloísio Pereira Pires, em sua célebre canção feita para a Arma, iluminem seus corações:
“Sempre estarás na vanguarda e cumprirás do comando as missões”
Fotos: Major Reis, Ésio Mendes e Arquivo Secom
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