G1
Publicada em 22/05/2020 às 13h19
O diretor do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, declarou nesta sexta-feira (22) que a América do Sul se tornou o novo epicentro da pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
A entidade foi questionada se estava oferecendo algum tipo de assistência direta ao Brasil, que registrou um recorde de mortes diárias na quinta-feira (21), com 1.188 mortes em 24 horas, segundo balanço do Ministério da Saúde. Mais de 20 mil pessoas já morreram no país de Covid-19.
"Em termos de resposta, nossos colegas na Opas [braço da OMS nas Américas] estão fornecendo ajuda direta ao governo e a muitos dos estados que estão sendo duramente afetados, incluindo o Amazonas", afirmou Michael Ryan.
"A maioria dos casos é da região de São Paulo, mas também Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas, Pernambuco estão sendo afetados", disse Ryan. "Mas em termos de taxas de ataque, as mais altas estão, na verdade, no Amazonas: cerca de 490 pessoas infectadas para cada 100 mil habitantes, que é uma taxa de ataque bem alta", comentou.
"De certa forma, a América do Sul se tornou um novo epicentro para a doença, vimos muitos países sul-americanos com aumento do número de casos, e claramente há preocupação em muitos desses países, mas certamente o mais afetado é o Brasil neste momento", declarou Ryan.
O diretor de emergências reforçou, também, que a organização não recomenda o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina para tratar a doença.
"Nós também notamos que o governo do Brasil aprovou a hidroxicloroquina para uso mais amplo, mas ressaltamos que nossas revisões clínicas sistemáticas atuais realizadas pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a evidência clínica atual não apoiam o uso generalizado de hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19 – não até que ensaios [clínicos] sejam concluídos e nós tenhamos resultados claros", destacou.
Mesmo sem evidências científicas, o Ministério da Saúde aprovou, na terça-feira (19), um documento que recomendava o uso das substâncias, no SUS, para tratar a Covid-19. Depois, o documento foi modificado, mas manteve a recomendação.
Além da OMS e da Opas, especialistas brasileiros também criticaram a recomendação do governo. Eles reforçaram que os estudos científicos não comprovaram a eficácia nem da cloroquina, nem da hidroxicloroquina para a Covid-19, que elas trazem risco à saúde do paciente e que o governo não pode submeter a população "ao risco adicional de um tratamento sem garantias de segurança e eficácia".
Um novo estudo com 96 mil pacientes, publicado nesta sexta-feira (22), não encontrou benefício no uso da cloroquina contra Covid-19 e detectou risco de arritmia cardíaca.
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