Sérgio Pires
Publicada em 05/06/2020 às 08h31
MESMO COM TODO O ESFORÇO E BATALHA, DENTRO E FORA DOS HOSPITAIS, ESTAMOS PERDENDO ESSA GUERRA
Chegamos ao limite. No interior, ainda há como abrigar doentes, caso o número de casos não continue crescendo tanto. Mas o pior está em Porto Velho, onde praticamente já não há saída. Há casos de mortes registradas nas UPAS, por falta de leitos de UTI. Dois homens, ambos com 54 anos, morreram na UPA da zona sul, porque não se conseguiram leitos .
E isso ocorreu no início da semana. A partir de agora, caso não se abram imediatamente algumas dezenas de leitos da UTI (aguarda-se que, entre esses, estejam os 50 leitos prometidos pela Prefeitura, no início do mês), as pessoas começarão a morrer, por não poderem ter o atendimento adequado.
Nesta quarta, abriram-se pelo menos 12 leitos, alugados com recursos da Assembleia Legislativa junto ao Hospital do Amor, que trata doentes de câncer, mas que terá uma ala especial, separada, sem riscos aos internados atualmente, apenas para receber doentes da Covid 19. Até sexta, serão mais 49 leitos, comuns, mas também só para pacientes da doença, que não precisam de UTI. Será um pequeno avanço. Também haverá novos leitos clínicos no Hospital Regina Pacis, comprado pelo Estado, embora ainda não haja uma data definitiva para entrega de, pelo menos, a primeira parte das obras em andamento.
A crise do corona vírus está longe de terminar. Temos milhares de contaminados (caminhando para os 6 mil), com cerca de 45 por cento deles já recuperados, e as internações, contudo, só crescem. A taxa de óbitos mantém-se na faixa de 3 por cento, mas é sempre bom registrar que quando se trata de mortes, se fosse de apenas uma pessoa, já seria demais, porque os números não contam, mas sim a enorme dor que cada perda representa para todos. Imagine-se quanto elas caminham já para 18 dezenas?
O trabalho das autoridades têm sido duríssimo (o secretário Fernando Máximo, por exemplo, tem se desdobrado, eventualmente conseguindo fazer um lanche rápido no meio da tarde, para não ficar o dia todo sem comer), tentando resolver problemas da falta de estrutura na saúde que vêm de décadas, mas que se acentuaram agora, na pandemia.
As equipes médicas, de enfermagem e de apoio, têm doado até suas vidas para ajudar os contaminados. Todos os envolvidos estão batalhando, trabalhando, pensando e agindo, tentando encontrar uma saída para essa guerra que, por enquanto, estamos perdendo.
O vírus pegou a todos no contrapé, inclusive em países onde o sistema de saúde era e é muito bom. Imagine-se por essas terras de Rondon, onde a saúde pública sempre andou 20 passos atrás das necessidades da população! O corona vírus está ganhando.
Tomara que consigamos virar esse jogo!
“TEMOS QUE CUIDAR DA NOSSA POPULAÇÃO!”
Não há como não destacar a importância da participação da Assembleia Legislativa no combate ao corona. Nesta semana, ao inaugurar uma ala do Hospital do Amor, destinada apenas ao tratamento de pessoas com a Covid 19 e totalmente isolada dos pacientes com câncer, o presidente Laerte Gomes disse que esse é um momento de todos se movimentarem, em benefício dos rondonienses. “Temos que ajudar a cuidar da nossa população”, enfatizou. Os primeiros 12 leitos de UTI já foram disponibilizados e outros 49, de leitos clínicos, serão entregues até nesta sexta. Com isso, serão 61 leitos, locados com recursos próprios da Assembleia, para atendimento aos doentes. A ajuda é vital, até porque sabe-se que, já nesta quinta-feira, não haverá mais nem leitos comuns e nem de UTI na rede pública ou privada. Ou seja, sem esse apoio do Parlamento, a situação ficaria ainda muito mais complicada, devido à lotação completa de todo o sistema de atendimento aos doentes.
DINHEIRO SAIU DOS 50 MILHÕES ECONOMIZADOS
Os novos leitos proporcionados por decisão de Laerte e todos os demais 23 deputados, que usaram verba economizada com pagar as despesas, serão de enorme utilidade, nesse momento em que cresce a pandemia. O acordo foi assinado quando a Assembleia disponibilizou 10 milhões de reais para que o Executivo destine o valor ao aluguel e manutenção dos 61 leitos, por um período inicial de cinco meses. Todos os meses, afora isso, a ALE vai separar 2 milhões a mais, para investir na parceria com o Hospital do Amor, caso necessário. Além disso, os parlamentares rondonienses já aprovaram outras medidas de apoio aos municípios e à população mais necessitada. Serão alugadas várias ambulâncias com UTI e, ainda, distribuídas 30 mil cestas básicas às famílias carentes. Todo esse dinheiro sairá de verba economizada pelo Parlamento, que não gastou algo em torno de 50 milhões de reais a que tinha direito e que, agora, os está devolvendo em benefício dos rondonienses. Nesse momento de pandemia, o socorro vindo da ALE é sem dúvida, um grande apoio na guerra contra o vírus.
ADIANTA APONTAR O DEDO?
O Sindicato Médico, Simero, tem emitido vários notas, eventualmente de críticas e até de repúdio, em relação à situação do combate ao corona vírus. O caso mais dramático e que merece o apoio da coletividade, foi o posicionamento exigindo das autoridades mais segurança para os profissionais que atendem pacientes da Covid 19 e que estão sendo roubados e assaltados, eventualmente junto com os doentes, nos postos de saúde, UPAs, clínicas e hospitais. Não há segurança alguma para eles. Agora, nos últimos dias, a entidade partiu para mais um ataque, dessa vez conta a Secretaria de Saúde e o Governo do Estado, tentando empurrar toda a culpa por eventuais problemas, num prisma em que toda a responsabilidade por erros sejam do poder público. Claro que algumas colocações do Simero são corretas e muitas das reivindicações precisam ser analisadas e atendidas. Esquece-se, contudo, o sindicato, que a questão não é culpar esse ou aquele, tentando lavar as mãos e se imiscuir de responsabilidades. Todos têm sua parcela de importância, de contribuição, mas também de compartilhamento de acertos e erros. Nunca se enfrentou uma doença como essa e, apenas apontando o dedo, tentando achar culpados, certamente não ajuda em nada na batalha que estamos perdendo.
ENFIM, CHEGA A LUZ PARA A PONTE
Parece inacreditável, mas, felizmente, não o é! Começou, finalmente, a obra para instalação da iluminação na ponte sobre o rio Madeira! Isso mesmo. Nesta semana, uma reunião entre representantes do Dnit e da Emdur, a empresa municipal responsável pela iluminação pública da cidade, comandada pelo competente Thiago Tezzari, definiu o início dos trabalhos, que devem durar cerca de 60 dias. Construída ao custo de mais de 200 milhões de reais e inaugurada oficialmente em setembro de 2014, a ponte de quase 1 quilômetro passou a ligar, por terra, a BR 319 e o acesso a Manaus. Além de acabar com as balsas que faziam a travessia durante vários anos, a ponte também serviu para que o outro lado do rio, começasse a ser valorizado. O problema é que, na sua construção, foi “esquecida” a iluminação, com a ponte ficando sob escuridão total durante todas as noites, nesses quase seis anos, a colocando no anedotário como uma das obras que mais tempo ficou incompletas, em toda a nossa história. Pelo Dnit, a fiscalização dos trabalhos será do engenheiro Emanuel Nery. Agora, enfim, a luz vai chegar à ponte. Antes tarde do que nunca!
BARÃO DO RIO BRANCO ESVAZIADA
Depois da praça Jonathas Pedrosa, de onde foram retirados dezenas de camelôs que ali se instalaram desde a enchente histórica de 2014, começaram a ser tirados, agora, os camelôs da rua Barão do Rio Branco, no centro. A retirada iniciou na madrugada desta quinta. Os 70 barraqueiros foram avisados, mas continuavam no local. Pela manhã, já se observava que todas as barracas que estavam invadindo a rua, há anos, foram retiradas por determinação da Prefeitura, atendendo cobrança que tem sido feita há muito tempo pelo Ministério Público. Está tudo correto, com uma exceção importante: tirar os camelôs de uma área irregular está corretíssimo, mas como eles vão sobreviver? Por que já não foram levados para outra área, devidamente preparada para isso? Nesses tempos em que cada real pode representar comer ou não; sobreviver dignamente ou não, deixar os camelôs sem um local para trabalhar parece algo muito injusto.
“GENOCÍDIO” NÃO, MAS ÍNDIOS CORREM RISCO!
Embora o exagero de termos como “genocídio” contra os índios, coisa que alguns procuradores adoram usar, como se não soubessem exatamente o que é exatamente um genocídio, não se pode negar que grande número de indígenas da Amazônia correm sim risco de vida, caso sejam atingidos pelo corona vírus. Mas não por ele. Outras doenças, trazidas pelo homem branco e, neste momento, por grande número de garimpeiros, podem sim afetar seriamente os grupos indígenas. Em Rondônia, já houve vários casos de contaminação e alguns óbitos, o que pode afetar seriamente as aldeias. Em Roraima, segundo o procurador de Justiça Edson Damas, a invasão de garimpeiros na área dos índios Yanomani pode causar “genocídio” ou seja, a extinção total de mais de 27 mil indígenas, só entre essa raça indígena. Tire-se o exagero, o palavreado que muitos membros do Ministério Público adoram repetir, mesmo assim a situação é sim, bastante preocupante. Já há casos de mortes entre indígenas, por causa da doença, mas, claro, num número muito menor do que as que matam muitos índios de todas as tribos, todos os dias. As autoridades precisam tomar, urgentemente, medidas que protegem nossa população indígena, sem dúvida alguma.
ASSEMBLEIA PARA TOTALMENTE POR DEZ DIAS
Pelo menos até o próximo dia 12, uma sexta-feira e mais o final de semana em seguida, ou seja, pelo menos nos próximos dez dias, todos os servidores da Assembleia Legislativa estão dispensados de entrarem no prédio do Parlamento. Tudo por causa de pelo menos três mortes de funcionários, atingidos pelo corona vírus. O presidente da ALE já liberou os servidores desde a quinta-feira e todos só poderão realizar trabalhos desde casa, quando forem convocados, nesse período. Ao comentar o assunto, o presidente Laerte Gomes disse que não é justo os deputados estarem trabalhando nas sessões virtuais, mantendo o isolamento recomendado pelas autoridades de saúde, “enquanto que muitos servidores da casa tenham que estar presentes em atividades internas”. Laerte informou que muita gente já estava trabalhando em home office nas últimas semanas. Segundo a ALE, será considerada falta grave se algum servidor for visto, em dias úteis e horário de expediente, em shopping, academias, cinemas, bares, festas ou outros ambientes que tenham aglomerações.
PERGUNTINHA
Você acha que uma vacina contra o corona vírus virá em alguns meses, como anunciam alguns mais otimistas ou está entre os que têm certeza de que ela só passará a proteger a população daqui, no mínimo, dois anos?
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