Assessoria/Prefeitura
Publicada em 05/06/2020 às 10h39
Atendendo convite do Departamento de Gestão de Políticas Ambientais e Mudança Climática, da Subsecretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema), a doutora em geociências e pesquisadora da Fiocruz, Sandra de Souza Hacon, colaborou com a Semana Digital de Meio Ambiente, iniciada na última segunda-feira (1º). Devido à pandemia, esse ano, a Sema promoveu as atividades de forma virtual, com a disponibilidade de conteúdos em vídeos, áudios, banners, e reportagens nas redes sociais e portais oficiais com especialistas alertando e orientando sobre os mais diversos assuntos como queimadas, saneamento básico, reaproveitamento de alimentos, compostagem e descarte correto de materiais de proteção.
Sandra disponibilizou um áudio com informações reforçando a importância de se combater as queimadas, principalmente porque este ano o mundo inteiro vive uma situação mais complexa por causa do novo coronavírus. Falou ainda sobre o desmatamento que de janeiro a abril deste ano foi de 1073 km².
“Essa quantidade de km² representa um aumento de 133% em relação 2019. São áreas que posteriormente serão queimadas. Em abril, o Sistema de Alerta de Desmatamento detectou 529km² de desmatamento na Amazônia Legal, isso se refere a um aumento de 171% em relação a 2019. Esse desmatamento aconteceu no Pará, Rondônia, Amazonas, Roraima e Acre. Ano passado tivemos uma grande demanda nas unidades de saúde em decorrência das queimadas e aumento expressivo da poluição do ar”, disse ela.
A doutora ressaltou que a associação da pandemia com as queimadas poderá agravar terrivelmente a situação de saúde da população, como piorar a péssima imagem que o Brasil já apresenta no exterior, dificultando ainda mais a retomada da economia com o apoio internacional. “Todo cidadão tem o direito e o dever de denunciar as queimadas aos órgãos responsáveis. Não devemos esquecer que queimada é crime”, enfatizou.
Fumaça causa dano genético
Sandra Hacon foi autora de pesquisa que indica que a fumaça das queimadas impacta na saúde da população a ponto de causar danos ao DNA e morte das células dos pulmões. O estudo pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi publicado na revista científica Nature, em 2017 e demonstra que, pela primeira vez, foi possível demonstrar que as partículas de queimadas da Amazônia ao entrarem nos pulmões aumentam a inflamação, o estresse oxidativo e causam danos genéticos nas células de pulmão humano.
“O dano ao DNA pode ser tão grave que a célula perde a capacidade de sobreviver e morre, ou perde o controle celular e começa a se reproduzir desordenadamente, evoluindo para câncer de pulmão”, relata a pesquisa.
A pesquisadora foi representante do Brasil na segunda fase do Programa de Monitoramento Global dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) para a América Latina e Caribe (Grulac). Ela foi designada pelas Nações Unidas, com aprovação do Ministério das Relações Exteriores.
Currículo
Sandra é graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem mestrado em Controle da Poluição Ambiental - Manchester University, Reino Unido (1981) e doutorado em geociências (geoquímica ambiental) pela Universidade Federal Fluminense (1996). Está lotada na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, integrante dos programas de pós-graduação de mestrado e doutorado em Ciências Ambientais da Universidade estadual de Mato Grosso e da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Atua na área de Avaliação de Risco à Saúde Humana, Ecotoxicologia, Gestão Integrada de Saúde e Ambiente e Avaliação de Impactos à Saúde das Mudanças Climáticas e de Grandes Empreendimentos. Coordena vários projetos de pesquisa financiados pelo CNPq, Faperj, Finep, Capes, setor privado, atua como pesquisadora em projetos interdisciplinares com a Unemat, Inpe, UNB, USP, UFRN, USP, PUC/RJ, UFCE, Fiocruz, projetos internacionais com a Universidade de Exeter, no Reino Unido; Instituto Tropical de Epidemiologia e Saúde Pública de Basel e a Universidade de Basel, na Suíça.
Na área acadêmica responsável por disciplinas nos cursos de pós-graduação da ENSP/Fiocruz, orientadora de mestrado e doutorado nos cursos de pós-graduação de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP/Fiocruz e do Programa de Ciências Ambientais da Universidade estadual de Mato Grosso (Unemat). Representante do Brasil no GT do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente referente ao Programa de Monitoramento da Implementação da Convenção de Stockholm, por indicação do Ministério do Meio Ambiente. Integrante da parceria Fiocruz- Opas/OMS do Centro Colaborador em Saúde Pública e Ambiental da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS).
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2020/06/doutora-em-geociencias-da-fiocruz-colabora-com-semana-digital-de-meio-ambiente,76518.shtml