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Publicada em 20/06/2020 às 10h34
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub deixou o Brasil e está nos Estados Unidos, segundo informou na manhã deste sábado seu irmão, Arthur Weintraub, assessor especial da Presidência da República. Ontem, o ex-dirigente do Ministério da Educação (MEC), que anunciou sua demissão na última quinta-feira, publicou nas redes sociais que pretendia deixar o país "o mais rápido possível".
Weintraub responde a investigações no Brasil por racismo e no inquérito que apura ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Procurado pelo GLOBO, o MEC confirmou que o ex-ministro está nos EUA e acrescentou que ele foi de avião comercial em classe econômica.
"Obrigado a todos pelas orações e apoio. Meu irmão está nos EUA", escreveu Arthur Weintraub no Twitter. A mensagem foi replicada mais de duas mil vezes.
Mais cedo, porém, Abraham Weintraub já havia feito duas postagens no Twitter indicando que sua localização era a cidade de Miami. Às 8h17 e às 8h37 ele fez postagens nas quais a cidade americana aparecia como sendo a sua localização atual.
A ida de Weintraub para os Estados Unidos foi aventada ao longo de toda a semana e confirmada por ele em um vídeo na quinta-feira em que ele se despediu do cargo. Apoiadores diziam que sua saída do país se devia ao temor de ele vir a ser preso como consequência dos inquéritos nos quais ele é investigado.
Em sua despedida, contudo, Weintraub disse que “passaria o bastão” para o próximo ministro a ser escolhido e que participaria do processo de transição no MEC. Apesar da promessa, o novo comando da pasta não foi anunciado e nenhuma transição foi feita até agora.
Pelas postagens, não ficou claro se ele retornará ao Brasil para fazer transição que ele prometeu no vídeo ou se já ficará nos Estados Unidos para assumir o cargo. A exoneração de Abraham Weintraub ainda não foi publicada no Diário Oficial da União e seu nome consta no site do MEC como titular da pasta. Embora seja cotado para assumir uma diretoria-executiva no Banco Mundial, em Washington, a indicação ainda precisa ser chancelada.
Brecha para viagem
Abraham Weintraub pode ter se aproveitado de uma brecha na ordem determinada pelo presidente Donald Trump que restringiu a entrada de brasileiros nos Estados Unidos, em maio. A ordem fechou as fronteiras americanas para brasileiros, mas abriu algumas exceções como a entrada de funcionários governamentais e de funcionários de organizações internacionais.
Tecnicamente, Weintraub, apesar de ter anunciado sua saída do MEC, ainda é ministro de Estado, com direito, inclusive, a passaporte diplomático.
Além disso, como indicado do governo brasileiro a uma vaga no Banco Mundial, ele poderia alegar seu enquadramento na categoria de funcionário de organismo internacional. Nessa condição, no entanto, ele poderia ser questionado pelo fato de sua ida ao banco ainda não ter sido oficializada.
Na última sexta-feira, Weintraub havia reforçado a intenção de deixar o Brasil, sem explicar as motivações, em uma publicação direcionada ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Nesta manhã, o ex-ministro publicou uma mensagem comemorando a marca de 900 mil seguidores no site, mas não comentou seu paradeiro.
"Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!", escreveu na última sexta-feira.
Inquérito no STF
O economista, que chegou a ocupar um cargo na Casa Civil de Jair Boslonaro antes de substituir Ricardo Vélez Rodriguez no MEC, é investigado no inquérito das fake news. O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na última quarta-feira, manter o agora ex-ministro na investigação após um recurso protocolado pelo ministro da Justiça, André Mendonça. Weintraub responde por seis infrações, incluindo crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social e difamação contra os juízes da Corte.
Na reunião ministerial de 22 de abril, cuja gravação foi liberada por decisão do ministro do Supremo Celso de Mello por ocasião do inquérito instaurado pelas acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de interferência política na Polícia Federal pelo presidente Bolsonaro, Weintraub defendeu a prisão de ministros do STF. No vídeo, ele afirma que apoia a prisão de "vagabundos, começando pelo STF", apontando para a Praça dos Três Poderes.
No último final de semana, o ex-ministro compareceu a uma manifestação antidemocrática organizada por apoiadores de Bolsonaro. Desrespeitando um decreto do governo do Distrito Federal por circular sem máscaras, Weintraub foi gravado reiterando suas críticas ao Supremo. O episódio acelerou sua saída do ministério, que já era aventada desde o acirramento da crise entre o Executivo e o Judiciário.
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