Poder360
Publicada em 06/07/2020 às 10h21
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a Operação Lava Jato e pediu mais fiscalização nos trabalhos da força-tarefa. Em entrevista à GloboNews neste domingo (5.jul.2020), Maia também falou do ex-ministro Sérgio Moro (Justiça) e da relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso.
“Espero que o procurador-geral da República [Augusto Aras] consiga organizar o trabalho. Não é uma questão de interferência no trabalho dos procuradores, que têm independência. Mas alguém tem que coordenar, alguém tem que fiscalizar. Se não, acima da força-tarefa de Curitiba parece que não há nada. Precisa ter”, disse Maia à GloboNews.
Reportagem do Poder360 revelou que o nome de Maia foi abreviado em uma denúncia de 2019. Ele aparece como “Rodrigo Felinto” (o nome completo do deputado é Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia). Além dele, o presidente do Senado também teve o nome encurtado de David Samuel Alcolumbre Tobelem para “David Samuel“.
A equipe de Augusto Aras vem procurando possíveis inconsistências e erros em denúncias apresentadas pela Lava Jato. A avaliação é que essa “camuflagem” dos nomes de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre seria uma técnica para os procuradores de Curitiba investigarem autoridades sem se submeterem aos foros adequados.
Sobre Moro, Maia avalia que o ex-ministro “virou político” e tem força para ser candidato à presidência nas eleições de 2022: “Se ele for candidato, é candidato fortíssimo. Acho que fez bom trabalho no Ministério da Justiça. Falei que ele é político porque as ações dele depois que saiu do ministério são todas de político. Na minha opinião, ele caminha pra política. E acho bom que ele participe do processo”.
CPMF E REFORMA TRIBUTÁRIA
Outro tema tratado na entrevista foi a reforma tributária. Maia disse não ser favorável a criação de um imposto nos moldes da CPMF: “Sou radicalmente contra CPMF ou um imposto disfarçado. Até 1º de fevereiro, enquanto eu for presidente, não contem com a presidência da Câmara, não será pautada criação de imposto”.
A reforma tributária, no entanto, é prioridade para o 2º semestre de 2020. “Prioridade número 1 para Brasil voltar a ser competitivo é a reforma tributária. Precisamos retomar esse debate nesta semana. Impacto de médio e longo prazo, ganho de captação de investimentos”, disse Maia.
RENDA BRASIL É ‘MAIS DO MESMO’
Rodrigo Maia analisou o programa Renda Brasil, aposta do governo Bolsonaro para substituir o Bolsa Família. Para ele, mesmo com o aumento de alguns benefícios, ainda seria “mais do mesmo”.
“Olha, eu acho que o Renda Brasil é mais do mesmo, é unificar o que já existe de programa, ampliar o valor médio de R$ 180 para R$ 230, R$ 250 e manter isso como um programa de transferência de renda. Eu acho que precisamos ir além do programa de transferência de renda”, disse Maia.
O deputado afirma que apenas transferir renda não tem impacto no combate a desigualdade e, por isso, seria necessário 1 novo programa que facilitasse a transição das famílias para uma nova fase de vida, sem a dependência do dinheiro vindo do governo.
“Nós precisamos manter uma parte do recurso de transferência para garantir que nenhum brasileiro fique abaixo da linha da pobreza, ou da extrema-pobreza e somar isso com uma variável onde a gente estimule a mobilidade social das famílias.”
MAIS DIÁLOGO NO GOVERNO
O presidente da Câmara explicou como vê a atual relação de Bolsonaro com o Congresso. Para ele, mesmo que ainda não exista uma harmonia completa, Bolsonaro fez progressos para melhorar o entendimento entre os Poderes.
“Bolsonaro chegou [à Presidência] desconfiando demais da política. Nunca tinha sido líder de partido, presidido uma comissão. Talvez ele tenha visto que as coisas não acontecem com ele imagina, com conspirações, que ele foi vendo que não é dessa forma. Fico com a tese que o presidente entendeu que sem um bom diálogo, as coisas não vão andar”, disse Maia.
Para ele, porém, Bolsonaro ainda precisa ter cuidado com “a questão dos apoios dos movimentos mais radicais”: “Espero que os lunáticos deixem de ser relevantes. Um deles [Abraham Weintraub] está nos Estados Unidos. O Banco Mundial não merece esse tipo de política, de um falso enfrentamento de esquerda e direita, em que quem discorda é comunista. Tivemos um dano de um ano e meio na Educação”.
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