AFP
Publicada em 02/09/2020 às 10h05
Yoshihide Suga, braço direito do renunciante primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou oficialmente nesta quarta-feira sua candidatura para a sucessão e é apontado como o grande favorito para governar o país.
"Decidi anunciar minha candidatura", afirmou Suga em uma entrevista coletiva na qual se comprometeu, em caso de vitória, a prosseguir com a linha de governo de Abe.
Suga, 71 anos, é considerado há muito tempo um sucessor potencial de Abe, com quem trabalha há muitos anos em diversas funções, incluindo conselheiro, porta-voz do governo e coordenador entre ministérios e agências de Estado.
Desde que Abe anunciou de maneira inesperada que vai deixar o cargo por motivos de saúde, Suga se tornou um dos grandes favoritos da eleição interna do Partido Liberal Democrata, que acontecerá em 14 de setembro.
A campanha interna começará em 8 de setembro e após a eleição no partido acontecerá uma votação no Parlamento, provavelmente em 16 de setembro, considerada uma mera formalidade, já que o PLD controla as duas Câmaras ao lado de seu aliado, o partido Komeito.
A maioria do PLD já teria prometido apoio a Suga, o que faz dele o principal nome na disputa.
Na terça-feira, o PLD decidiu optar por uma votação reduzida e rápida, na qual apenas os deputados e líderes regionais do partido poderão participar.
Os outros dois candidatos já declarados para a sucessão de Abe, Shigeru Ishiba e Fumio Kishida, ambos de 63 anos, são prejudicados por este sistema de votação que exclui os militantes da base do partido.
O presidente do conselho geral do PLD, Shunichi Suzuki, afirmou que o partido optou por este sistema porque a situação é urgente, devido aos problemas de saúde de Abe.
O primeiro-ministro, 65 anos, no cargo desde o fim de 2012, vai renunciar devido ao agravamento de uma doença intestinal crônica, colite ulcerosa. Este problema de saúde o obrigou a interromper de forma precipitada seu primeiro mandato como chefe de Governo em 2007.
Abe disse que permaneceria no cargo até a designação do sucessor.
- Grandes desafios -
Suga já foi fundamental no retorno ao poder de Abe, em 2012.
Filho de um agricultor da região de Akita (norte), as origens humildes de Suga, que pagou pessoalmente por seus estudos, o afastam dos grandes nomes do PLD, todos integrantes de importantes famílias políticas.
Os desafios do futuro primeiro-ministro serão colossais e vão da gestão da pandemia de coronavírus à recessão econômica, passando pelas complicadas relações com a China e a Coreia do Sul, além dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que foram adiados e continuam com um nível de incerteza.
Ishiba e Kishida fizeram nos últimos dias um balanço crítico da política econômica de Abe, que eles consideram positiva para as grandes empresas e os mercados financeiros, mas que esqueceu as famílias de baixa renda e as zonas rurais.
Shigeru Ishiba, que foi ministro da Defensa entre 2007 e 2008, tem apoio entre a população, mas não entre os pesos pesados do partido, que contestam suas mudanças de opinião constantes e suas críticas a Abe.
Fumio Kishida foi o chefe da diplomacia japonesa de 2012 a 2017, mas não tem a notoriedade nem o carisma que muitos consideram necessários, apesar de ter sido durante algum tempo apontado como o favorito de Abe para substituí-lo no cargo.
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