Agência Brasil
Publicada em 21/10/2020 às 08h44
O presidente eleito da Bolívia, Luis Arce, disse à Reuters nessa terça-feira que "não há papel" em seu governo a ser desempenhado pelo ex-presidente Evo Morales, líder de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), que comandou o país por quase 14 anos antes de renunciar em meio a pressões no ano passado e deixar a Bolívia.
Arce chega ao poder após vencer a eleição de domingo (18) com a apuração oficial - tecnicamente ainda em andamento - mostrando que a maioria dos votos foi dada a ele, colocando os socialistas de volta no poder no país andino um ano após a saída de Morales.
Do exílio, na Argentina, Morales segue com o cargo de presidente do MAS, mas Arce disse que a influência nessa posição será limitada. "Ele não terá qualquer papel em nosso governo", disse Arce à Reuters, na sede do MAS, na capital administrativa da Bolívia, La Paz.
"Ele pode retornar ao país quando quiser, porque é boliviano, mas no governo sou eu que devo decidir quem fará parte da administração e quem não fará".
Morales vive fora da Bolívia desde que deixou o país no ano passado, após uma eleição marcada por acusações de fraudes. Ele nega as acusações e diz que foi derrubado do poder por um golpe de direita. O ex-presidente enfrenta ainda uma série de acusações de corrupção, que também nega.
"O direito ao devido processo legal não foi respeitado em muitos casos contra ele", disse Arce. "Lamento que a política tenha sido judicializada, a direita judicializou a política".
Como ministro das Finanças de Morales, Arce ajudou a comandar uma economia que cresceu mais rapidamente do que qualquer outra na região. Mas quando ele assumir a Presidência no mês que vem, enfrentará uma recessão.
"Vamos ter que adotar medidas de austeridade. Não há outra opção se não temos receita suficiente para cobrir os gastos atuais", disse.
O presidente eleito, de 57 anos, afirmou que o modelo econômico que ajudou a implementar no governo Morales funcionou no passado e funcionará novamente.
Educado no Reino Unido, o socialista, que disputou a eleição com uma plataforma de gastos em bem-estar social, afirmou que os cortes não afetarão os investimentos públicos, a prioridade para reativar o crescimento.
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