G1
Publicada em 28/12/2020 às 14h58
O diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, alertou, nesta segunda-feira (28), que a pandemia de Covid-19 não é, necessariamente, a "grande" pandemia – e que o mundo precisa se preparar para algo que pode ser pior no futuro.
"Essa pandemia foi muito grave. Se espalhou ao redor do mundo extremamente rápido, afetou cada canto do planeta. Mas essa não é necessariamente a "grande" [pandemia]", alertou Ryan durante coletiva de imprensa em Genebra.
"Esse vírus é muito transmissível, mata, e tirou entes queridos de muitas pessoas. Mas a taxa de letalidade é razoavelmente baixa comparada a outras doenças emergentes. Isso é um alerta. O planeta é frágil. Essas ameaças vão continuar", afirmou o diretor.
"Se tem uma coisa que precisamos aprender com essa pandemia, com toda a tragédia e perda, é que precisamos nos organizar. Temos que nos preparar para algo que pode ser ainda mais grave no futuro", alertou Ryan.
No sábado (26), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também alertou que a pandemia de Covid-19 não seria a última que o mundo enfrentaria.
Ryan lembrou, ainda, que é provável que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) se torne endêmico – isto é, que nunca venha a desaparecer. Esse alerta já havia sido feito pelo diretor em maio.
O diretor e a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, reforçaram que, mesmo com a chegada de vacinas contra a Covid-19, as medidas de combate ao vírus precisarão ser seguidas por um tempo. Isto porque o objetivo principal das vacinas – ao menos as atuais – é evitar casos graves da doença, e não a transmissão do vírus.
Além disso, ainda deve levar tempo para que se consiga vacinar um número suficiente de pessoas para alcançar a imunidade de rebanho.
Conflito na Etiópia
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também falou do conflito da região do Tigray, na Etiópia, seu país natal. Ele foi questionado sobre como havia passado o ano pessoalmente, para além da pandemia.
"Pessoalmente, além da pandemia, 2020 foi muito difícil para mim porque meu país está com problemas. E a guerra devastadora que está acontecendo é, na verdade, na minha região natal, o Tigray, no norte da Etiópia", disse.
"Eu tenho muitos parentes lá, incluindo meu irmão mais novo, e eu não sei onde eles estão. Eu não me comuniquei com eles, porque não há comunicação. Como se a Covid não fosse suficiente, eu tenho essa dor pessoal também. Eu me preocupo com meu país. Carregar tudo isso tem sido difícil", disse.
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