Agência Brasil
Publicada em 28/12/2020 às 16h04
"Assumo a tarefa de reunir as forças democráticas nacionais e internacionais para forçar uma solução", disse numa mensagem ao país, divulgada através das redes sociais, precisando que por essa via "o povo recuperará a soberania" e será possível "convocar eleições presidenciais e parlamentares livres".
Juan Guaidó explicou que a oposição e a população devem organizar-se para "defenderem a Constituição e recuperar a liberdade".
"Convoco-os para que se organizem desde já para que a partir de 5 de janeiro, levantemos as nossas vozes nas ruas da Venezuela e do mundo para lutar pela salvação de nosso país e exigir o cumprimento do mandato popular", disse, numa alusão ao início de funções do novo parlamento, eleito a 6 de dezembro, numas eleições legislativas em que a oposição aliada por Juan Guaidó não participou.
"Necessitamos da força, tanto dos membros das nossas Forças Armadas como da comunidade internacional, mas a força deve usar-se para chegar a uma solução que permita não apenas recuperar a liberdade, mas também garantir a estabilidade necessária para reconstruir a Venezuela", defende Guiado na sua mensagem.
Guaidó, que não reconhece o resultado das parlamentares de 6 de dezembro, apelou às Forças Armadas da Venezuela a que "apoiem" a "legítima Assembleia Nacional na defesa da soberania e da Constituição".
"Hoje pergunto às Forças Armadas o que vão fazer quando o povo sair para reclamar, nos primeiros meses do ano, quando a crise for ainda mais forte? Deverão decidir se farão parte da lista dos acusados ??de crimes que lesam a humanidade ou dos valentes que salvaram a Venezuela", explicou.
A mensagem do líder opositor tem lugar depois de em 26 de dezembro, durante uma sessão extraordinária virtual, a atual Assembleia Nacional, presidida por Juan Guaidó, ter aprovado o Estatuto que Rege a Transição à Democracia, que prolonga o funcionamento do atual parlamento (de maioria opositora) até afastar o Presidente Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
O documento aprovado prevê que durante a extensão do período de funcionamento, a Assembleia Nacional seja dirigida por uma comissão legada, situação que o partido opositor Ação Democrática (composto por 25 parlamentares) manifestou não estar de acordo, insistindo que o parlamento em pleno deveria assumir as suas responsabilidades sem delegar funções.
Segundo Juan Guaidó, a extensão do período de funções do parlamento dominado pela oposição permite evitar que o Presidente Nicolás Maduro "aniquile a alternativa democrática".
"Não permitiremos que se consuma a pretensão da ditadura de aniquilar a alternativa democrática, muito menos por omissão. A importância da aprovação da Lei (de Transição à Democracia) tem a ver com um período extraordinário porque estamos combatendo uma ditadura que pretende acabar com a República", disse.
Guaidó frisou ainda que depende "da decisão e determinação dos deputados fazer prevalecer" o parlamento "e a democracia até à saída do ditador, instalar um Governo Nacional de Emergência e realizar eleições livres na Venezuela".
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país.
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