Agência Brasil
Publicada em 22/01/2021 às 10h13
O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou o duplo atentado suicida ocorrido nessa quinta-feira (21) em um movimentado mercado de Bagdá. De acordo o último balanço, o ataque deixou 32 mortos e 110 feridos, alguns dos quais em estado grave.
Os dois bombardeios, que ocorreram quase simultaneamente e já são considerados os maiores dos últimos três anos no Iraque, foram reivindicados pelo Estado Islâmico na última noite.
Os atentados, o primeiro no meio do mercado, e o segundo quando um grupo de pessoas tentava ajudar os feridos no primeiro bombardeio, foram provocadas por homens vestidos com um colete de explosivos.
Os alvos eram muçulmanos xiitas, segundo comunicado da agência de notícias Amaq, citada pela BBC.
Um primeiro homem acionou o cinto de explosivos que transportava, no meio dos vendedores e transeuntes, no mercado de roupas usadas na Praça Tayaran, informou o Ministério do Interior do Iraque. Quando se juntou uma multidão para auxiliar as vítimas, um segundo homem detonou os explosivos que levava, acrescentou.
Segundo um vendedor do mercado, o primeiro homem "pressionou o detonador na mão, explodiu imediatamente e as pessoas despedaçaram-se".
Na praça onde ocorreu o ataque, eram visíveis poças de sangue e pedaços de roupas rasgadas pelas explosões, constatou no local um fotógrafo da AFP.
Segundo o ministro da Saúde do Iraque, Hassan al-Tamimi, além dos 32 mortos foram registrados 110 feridos em Bagdá, que tem 10 milhões de habitantes e que colocou todo o pessoal médico em alerta máximo.
A reivindicação do grupo jihadista, feita por meio do Telegram, foi divulgada várias horas após o ataque.
Ataque
O atentado suicida em Bagdá é o primeiro grande ataque, no mesmo local, dos últimos três anos.
Na mesma área da cidade, há três anos, ocorreu um ataque semelhante que atingiu 31 pessoas, logo após o primeiro-ministro Haidar al-Abadi ter declarado vitória na campanha contra o Estado Islâmico. Comol em 2018, o atentado de ontem aconteceu no momento em que se preparam as eleições legislativas que, no Iraque, coincidem com o aumento de atos de violência.
Em mensagem no Twitter, o presidente iraquiano, Salam Saleh, considerou os ataques "tentativas malignas de abalar a estabilidade do país".
O primeiro-ministro Moustafa al-Kazimi anunciou a substituição de altos cargos após o atentado.
Os atentados suicidas tornaram-se raros na capital iraquiana desde que o grupo extremista foi derrotado militarmente na região, no final de 2017.
O Estado Islâmico já controlou parte do território do Leste do Iraque, a oeste da Síria, e impôs o seu domínio a quase 8 milhões de pessoas. Desde que Bagdá assegurou ter combatido o grupo extremista, as células terroristas têm ficado refugiadas nas áreas montanhosas e desérticas do Iraque.
Apesar da derrota dos jihadistas no campo de batalha, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em agosto de 2020, estimou que mais de 10 mil combatentes do Estado Islâmico permaneciam ativos no Iraque e na Síria.
Nos últimos tempos, têm ocorrido vários ataques do Estado Islâmico e de outros grupos armados no Iraque. As milícias armadas são responsáveis por vários ataques contra a presença norte-americana no Iraque, apesar de terem sido alcançadas tréguas no último mês de outubro.
O ataque ocorreu após os Estados Unidos terem reduzido o número de militares no Iraque e no momento em que as autoridades iraquianas discutem a organização de eleições legislativas antecipadas em outubro, o que está criando tensões políticas no país.
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