Rondoniadinamica
Publicada em 23/01/2021 às 09h56
Porto Velho, RO – O governador de Rondônia Coronel Marcos Rocha, sem partido, tem suas qualidades e, em alguns pontos da Administração Pública, acerta objetivamente, como, por exemplo, ao tornar o Estado o primeiro lugar no ranking da transparência nacional em relação à pandemia.
Mas habemus vacina! Como ele mesmo disse, talvez o primeiro e mais significativo passo para o início do fim da circulação do Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2) no Brasil inteiro. É a esperança. E é o que a maioria quer acreditar.
Agora, lamentavelmente, Rocha cometeu um erro crasso, porque o contraste é terrivelmente visível.
Já são quase 2,1 mil cidadãos rondonienses mortos por causa da enfermidade, e, quando 2021 começou, o chefe do Executivo estadual sabia que as rédeas sanitárias teriam de ser puxadas diretamente pelo Palácio Rio Madeira.
Em suma, no momento onde se exigia posicionamento enérgico por parte do governante eleito, o militar, que já havia declarado publicamente ser contra “lockdown”, passou o bastão para o vice, José Atílio Salazar Martins, o Zé Jodan, do PSL.
Jodan fez o que Rocha não pôde. Algo simples: o que tinha de ser feito, nada mais.
Isto, óbvio, em relação à restrição de locomoção em 29 municípios, incluindo Porto Velho, ou seja, sacramentou o “isolamento restritivo”, como gostam de denominar as autoridades constituídas em vez do tradicional anglicismo.
Lado outro, o à época governador em exercício, impôs outro tipo de cerceamento de liberdade individual – e do comércio, diga-se de passagem –, ao impedir a venda de bebidas alcoólicas das 18h às 06h do dia seguinte, uma verdadeira Lei Seca regional.
Situação inédita e impensável, especialmente por tratar-se de uma gestão que se vendeu durante a campanha de 2018, nas propagandas eleitorais de Marcos Rocha, como aliada do liberalismo econômico.
Atualmente, todo dono de estabelecimento alimentício que trabalha com mercadorias etílicas deve estar se sentindo um Al Capone em potencial.
Voltando à CoronaVac, Jodan devolveu o bastão para o titular do cargo, e, assim que as doses chegaram, o mandatário do Poder resolveu excursionar pelos céus rondonienses fazendo pessoalmente as entregas, se postando como salvador da Pátria junto à comitiva designada para promover a logística do despacho.
Resumidamente, trocando ainda mais em miúdos, Rocha saiu de cena quando as circunstâncias exigiam dele comportamento drástico e impopular; voltou, em seguida, como redentor, verdadeiro artista, um ator político brincando de interpretar Sassá Mutema, “o cara”, aquele que surge para extirpar as chagas da Humanidade.
Calma aí, governador! A saúde da população não é picadeiro.
Certamente seus esforços seriam canalizados de maneira muito mais eficaz se voltados às tratativas para imunizar toda a população o quanto antes a fim de atingir a ora utópica visão do “início do fim” trazida em seu discurso.
Eleição é só em 2022. Agora é hora de pensar e agir para salvar vidas. Nada mais!
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