Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 09/02/2021 às 16h21
O Academia Pontifícia para a Vida, do Vaticano, divulgou hoje um documento intitulado "Velhice: nosso futuro. A condição do idoso após a pandemia" no qual faz um alerta para a necessidade de uma humanização da assistência aos idosos, com aposta no aumento do número de cuidadores.
"A nível cultural e de consciência civil e cristã, é muito oportuno repensar profundamente os modelos de assistência aos idosos", defende a Academia considerando que homenagear os idosos é crucial para o futuro das sociedades.
No entender da Academia Pontifícia, a realização de uma vida plena e de sociedades mais justas para as novas gerações depende do reconhecimento da presença e da riqueza que os avós e os idosos constituem em todos os contextos e lugares geográficos do mundo.
É assim defendido que existe o dever de criar as melhores condições para que o idoso possa viver essa fase particular da vida, tanto quanto possível, no seu ambiente familiar, com amizades habituais.
O documento enaltece novos modelos de vida assistida que proporcionam companheirismo e cuidado onde for necessário, mas, preservando a autonomia e a independência, apelando assim a uma maior assistência às famílias que podem cuidar de seus idosos em casa pelo maior tempo possível.
"Quem não gostaria de continuar a viver em casa, rodeado pelos seus entes queridos mesmo quando se tornam mais frágeis? A família, o lar, o meio ambiente representam a escolha mais natural para qualquer pessoa", defende o documento.
O atendimento domiciliário, defende a academia, deve ser integrado, com a possibilidade de atendimento médico e uma adequada distribuição de serviços em todo o território.
"Em outras palavras, é necessário e urgente ativar um "cuidar" do idoso onde quer que a sua vida ocorra. Tudo isso requer um processo de conversão social, civil, cultural e moral. Porque só assim é possível responder de forma adequada à questão da proximidade dos idosos, principalmente dos mais fracos e expostos", é referido no documento.
Na apresentação do documento em conferência de imprensa o presidente do conselho da Academia Pontifícia, o arcebispo Vincenzo Paglia, disse que mais de metade dos idosos italianos que morreram no primeiro surto do novo viviam em lares.
"O número de mortos foi brutal. Um verdadeiro massacre de idosos'', disse Vincenzo Paglia.
Segundo a reflexão da Academia Pontifícia, durante a primeira onda da pandemia, uma parte considerável das mortes por Covid-19 ocorreu em instituições para idosos, lugares que deveriam proteger a "parte mais frágil da sociedade" e onde, em vez disso, a morte afetou desproporcionalmente mais do que a casa de o ambiente familiar.
Por esta razão é defendido no documento que seja iniciada "imediatamente uma reflexão cuidadosa, perspicaz e honesta sobre como a sociedade contemporânea deve crescer perto da população idosa, especialmente a mais fraca" considerando que a institucionalização dos idosos, especialmente dos mais vulneráveis e solitários, proposta como única solução possível para o seu cuidado, em muitos contextos sociais revela uma falta de atenção e sensibilidade para com os mais fracos.
"Precisamos de uma nova visão, um novo paradigma que permita à sociedade cuidar dos idosos", reforça.
Também as dioceses, paróquias e comunidades eclesiais são convidadas a refletir mais atentamente sobre o mundo dos idosos, lembrando a academia no documento hoje divulgado que nas últimas décadas, os papas intervieram várias vezes para solicitar um senso de responsabilidade e cuidado pastoral para os idosos.
"O paradigma que pretendemos propor não é uma utopia abstrata ou uma pretensão ingénua, mas pode nutrir e nutrir novas e mais sábias políticas públicas de saúde e propostas originais de um sistema de saúde mais adequado à velhice. Mais eficaz e mais humano", defende a Academia Pontifícia para a Vida.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2021/02/vaticano-apela-a-mudanca-no-modelo-de-assistencia-aos-idosos,96360.shtml