G1
Publicada em 20/02/2021 às 09h27
O ministro da Saúde da Argentina, Ginés González García, renunciou ao cargo a pedido do presidente, Alberto Fernández, após a revelação de um escândalo de desvio de vacinas contra a Covid-19.
González teria distribuído doses do imunizante contra a Covid-19 para amigos, servidores e secretários de governo que não faziam parte do grupo prioritário de vacinação no país.
"Respondendo a seu pedido expresso, apresento-lhe minha renúncia ao cargo de ministro da Saúde", escreveu González em carta enviada ao presidente argentino, na sexta-feira (19).
A secretária de acesso à Saúde, Carla Vizzotti, foi nomeada para substituir a chefia da pasta. Especialista em medicina, ela presta juramento ao cargo na tarde de sábado (21).
Vizzotti se destacou pelas negociações com o Fundo Soberano russo para trazer a Sputnik V para a Argentina, que foi o primeiro país da América a aprová-la e distribuí-la.
'Lista VIP'
Atualmente a Argentina vacina, de maneira prioritária, profissionais da saúde e idosos, acima dos 70 anos, que vivam em instituições de cuidado intensivo.
A aplicação de vacinas para pessoas de fora destes grupos foi chamada pela imprensa argentina de escândalo do "Vacunatorio VIP" (sala VIP de vacinação, em português).
Elas teriam acontecido, segundo reportagens dos jornais locais, dentro da sede do Ministério da Saúde, em um prédio da Avenida 9 de julho, na região central de Buenos Aires.
Cerca de 3 mil doses da vacina Sputnik V, imunizante distribuído no país, teriam sido reservadas para a aplicação em funcionários da Saúde e outros escolhidos para integrar essa lista VIP de vacinação.
O jornalista Horacio Verbitsky, de 79 anos, contou em um programa de rádio ter recebido uma dose da vacina depois de conversar com o ministro González.
"Decidi me vacinar", disse Verbitsky. "Fui descobrir onde fazer isso. Liguei para meu velho amigo, Ginés González García, que conheci muito antes de ser ministro."
O sobrinho do ministro da Saúde, Lisandro Bonelli, de 44 anos, também teria sido vacinado antes da hora, segundo reportagem do jornal "La Nación".
Em sua carta de demissão, González justificou que "as pessoas vacinadas pertencem aos grupos incluídos dentro da população alvo da campanha vigente" – em alusão aos maiores de 70 anos.
A Argentina, com 44 milhões de habitantes, acumula mais de dois milhões de infecções pela Covid-19 e ultrapassa as 51 mil mortes.
A vacinação começou no país no final de dezembro com a Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya, mas o processo avança muito mais lentamente do que o previsto inicialmente, devido à escassez de doses.
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