G1
Publicada em 20/02/2021 às 09h30
A repressão a um protesto contra o golpe militar em Mianmar deixou ao menos dois mortos neste sábado (20), informou o serviço birmanês de emergências.
Os dois são homens, e estariam no meio de um confronto entre policiais e estivadores no porto de Mandalay, noticiou o site "The Voice of Myanmar".
Um deles morreu na hora, com um ferimento na cabeça, segundo a reportagem. O segundo, que foi ferido no peito, chegou a ser socorrido mas não resistiu.
Ao menos uma dezena de pessoas teria sido encaminhada com ferimentos graves para hospitais da região, isso depois que os agentes dispararam contra os manifestantes.
Protestos vêm se espalhando pelo país desde o golpe militar no início do mês, eles são – em sua maioria – pacíficos. Os manifestantes costumam carregar cartazes com mensagens incentivando atos de desobediência civil.
Alegando fraude eleitoral, uma junta militar tomou o poder em 1º de fevereiro, após prender a cúpula do governo e a maior liderança política de Mianmar, Aung San Suu Kyi.
Nos últimos dias, houve uma escalada na repressão para tentar conter os atos. O governo proibiu concentrações, mobilizou veículos blindados, e efetuou prisões noturnas contra opositores.
Na sexta (19), a primeira morte por conta da repressão foi registrada. A jovem Mya Thwe Thwe Khine levou um tiro de metralhadora enquanto protestava.
De acordo com a análise de vídeos e imagens de diversas organizações humanitárias, a jovem foi baleada quando tentava sair da linha de frente de uma manifestação que estava sendo dispersada com canhões de água pela polícia.
Centenas de detidos
O regime militar tem continuado a prender aliados de Aung e manifestantes, para tentar desmobilizar as manifestações contra o regime imposto no início do mês.
A Associação de Ajuda a Presos Políticos (AAPP), com sede em Yangon, relatou mais de 520 detenções desde o golpe militar.
Aung, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 75 anos, não é vista desde sua prisão domiciliar. Formalmente, ela está sendo acusada por motivos não políticos, como a importação ilegal de walkie-talkies e de ter violado "a lei sobre a gestão de catástrofes naturais".
A previsão é que a líder birmanesa compareça à Justiça em 1º de março.
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