Rondoniadinamica
Publicada em 27/02/2021 às 09h11
Porto Velho, RO – Durante a semana um manifesto entoado por determinado aliado do governo Marcos Rocha, sem partido, foi sintomático no sentido de demonstrar como as coisas no mundo real deveriam ser.
Lealdade? Sim. Vassalagem? Nunca, jamais! Especialmente quando o assunto é Rondônia e a saúde de sua população que, em 2021, continua sendo dizimada pelo novo Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2).
Abre parênteses.
Já são 2.817 mortos desde o início da pandemia; e só neste ano, que sequer completou dois meses, são mil óbitos registrados na fatura do vírus. Isto até o Boletim veiculado ontem (26) pela Secretaria de Saúde (Sesau/RO).
Fecha parênteses.
O deputado estadual Jair Montes, do Avante, não é apenas um membro da Assembleia Legislativa (ALE/RO). Ele é, paralelamente, um aliado de primeira hora da gestão Rocha, servindo, ainda, como líder da Administração Pública estadual no Legislativo, substituindo na função o colega Eyder Brasil, do PSL, bolsonarista até o último fio de cabelo e partícipe da campanha vencedora de 2018 que levou o coronel às rédeas do Palácio Rio Madeira.
E é preciso frisar que Brasil defende retorno às aulas presenciais enquanto, nesses 58 dias, 17 pessoas morreram a cada 24 horas. Logo, não é preciso ser o suprassumo da inteligência para entender que a troca ocorreu por questões de competência voltada ao ofício específico.
Retornando.
Montes, no caso, poderia não se comprometer. Poderia ficar quieto. Poderia não se envolver. E poderia fingir que a coisa não é com ele.
Mas não! Disse o que precisava ser dito: o governo federal trata a unidade gerida pelo militar como uma província, como se fosse terra de gente passível de esquecimento pelo resto da Humanidade.
O ministério da Saúde, comandado por Eduardo Pazuello, chancelou o envio de pouco mais de cinco mil doses de vacina a Rondônia enquanto o Acre, estado-vizinho com menos da metade da população, levou pelo menos umas 20 mil.
Os subalternos do bolsonarismo como o próprio chefe do Executivo estadual e o senador Marcos Rogério, do DEM, continuam fazendo cara de paisagem, e talvez até por medo de se comprometer com o eleitorado fã do capitão. E os que não estão na vibe de puxar o saco ficam pianinhos, escondidos como ratos com receio de retaliação. Um exemplo foi quando Confúcio Moura, do MDB, deletou uma postagem crítica por causa da militância hidrófoba, covardia fora de precedentes.
E olha, às vezes é até mesmo impossível se recordar de alguns nomes rondonienses na atual composição do Congresso Nacional.
Aí falta pulso para ser político. Aí a munheca contorceu.
E também durante esta semana sobressaiu, inclusive na imprensa nacional, o desabafo em tom desesperador do secretário Fernando Máximo, titular da Sesau/RO.
Resumidamente, as informações são: a) acabaram os leitos de UTI; b) outros estados não vão mais receber pacientes; c) o sistema privado também colapsou; d) as novas cepas são mortais para quem não tem comorbidades, incluindo jovens; e e) existe uma fila enorme de pessoas para receber atendimento – e não há previsão para isso.
Ah, sim, também foi dito por Máximo que a vacina demora para fazer efeito, ou seja, até mesmo médicos já imunizados foram contaminados e estão com o Coronavírus. Isto causou o fechamento de pelo menos cinco leitos de UTI no Centro de Reabilitação de Rondônia (Cero).
E esse é o quadro geral.
Quando o Rondônia Dinâmica escreveu outro editorial dizendo que a população vivenciava o Reinado da Morte, parte da sociedade evocou o transcendentalismo para rechaçar o texto, acusando a veiculação de causar transtornos desnecessários e atrair energia negativa.
E AINDA
Coronavírus – O reinado da morte em Rondônia
Argumento de gente mesquinha e preguiçosa, uma galera que faz questão de ignorar o voto; de esquecer o passado recente, e com preguiça de cobrar postura dos representantes em todas as esferas institucionais.
Claro, é importante ter fé e nutrir a religiosidade – para quem assim deseja fazê-lo –, porém, muito mais importante do que isso é trabalhar com a realidade olhando especialmente as cartas na mesa, o palpável, aquilo que se pode controlar.
O episódio da ninharia de vacinas encaminhadas para o estado deveria ser o estopim para uma reação em cadeia, causar levante coletivo, indignação social.
Com essa amizade longe de ser mútua, o povo vai continuar sucumbindo até que entenda o seguinte: postura de cidadão é de cobrança contínua, não de Bobo da Corte, que, por sua vez, tem sido o papel encarnado por grande parte entre os políticos eleitos nestas paragens do poente.
Ecoa a pergunta à eternidade: cadê a bancada federal!?
Com a palavra...
...err
...a bancada federal!
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