José Luiz Alves
Publicada em 06/03/2021 às 08h20
Uma ponte para o desenvolvimento
Durante séculos a travessia no rio Madeira, no distrito de Abunã em Rondônia para seguir em direção ao Acre, por picadas e trilhos na mata, obrigatoriamente teria que ser ultrapassado por barcos e canoas. Nos últimos 50 anos com abertura da BR 364, depois um sonho do visionário Juscelino Kubistchek, alguém com espírito empreendedor de ganhar dinheiro colocou ali barcaças cobrando dos viajantes, empresários, aventureiros e grileiros de terras barcaças consolidando a travessia, até então de uma região inóspita e de uma terra sem dono e sem lei.
Falar nos conflitos de interesses políticos e econômicos que custaram à vida de tanta gente e marcara a história daquela vasta área dividida pelo rio Madeira, seria como repetir a velha frase: “é como chover no molhado lembrando um passado triste que felizmente não volta mais”. Os tempos são outros, o progresso, a modernidade, as novas idéias e propostas para o desenvolvimento naturalmente chegaram transformando a paisagem, ocupando os espaços abertos nas matas virgens, pelos considerados pioneiros que derrubaram as matas transformando tudo em campos.
Os tempos, o progresso, o desenvolvimento são implacáveis, talvez até imponderáveis empurrando para os escaninhos do passado, histórias e fatos que foram registrados que ainda permanecem na memória de alguns poucos que ao seu jeito e maneira sobrevivem. Os últimos retoques na moderna ponte arquitetada e levantada sobre o rio Madeira, com projeção técnica para ser inaugurada ainda no mês de abril deste ano, com certeza vai impulsionar o desenvolvimento, o progresso e transformará a vida de muita gente.
Os empresários, agricultores e comerciantes tanto de Rondônia como do Acre, estão satisfeitos ao constatarem que uma ponte para o progresso sonhada por séculos, finalmente está se consolidando com a enxada, o arado puxado por juntas de bois cedendo lugar às lavouras de precisão, assim como para a criação de bovinos, seguindo as tecnologias modernas. Rondônia e Acre merecem essa obra que vem sendo levantada de desde 2014 e que chega ao seu final.
Ainda sem data para inauguração
Os técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) garantem que até a metade do mês de março a obra na ponte sobre o rio Madeira estará concluída, no entanto, depende da agenda do presidente Jair Bolsonaro para ser oficialmente inaugurada. Na prática os técnicos e operários trabalham à toque de caixa em dois turnos, na pintura e retoques de uma obra que pela grandiosidade, bem como pelo que representa para aquela região naturalmente a cada dia se torna mais importante.
Sem iluminação
Pesar de sua importância tanto para Rondônia como para o Acre, uma obra daquela imponência e pelos recursos investidos, em torno de R$ 150 milhões ela será entregue ao trafego sem iluminação, o que a noite vai exigir muito cuidado principalmente dos caminhoneiros. Outro aspecto lembrado pelos habitantes tanto de um lado quanto de outro da ponte trata-se da segurança, pois, os fora da lei, grileiros, invasores e assaltantes que volta e meia surgem na região com a estrada livre podem criar sérias dificuldades a quem transitar pela BR 364, indo ou vindo em qualquer sentido.
Positivo...!
No ponto de vista do Secretário de Agricultura, Evandro Padovani, do empresário, Adélio Barofaldi e presidente da Federação das Indústrias de Rondônia, Marcelo Tomé, a inauguração da ponte sobre o rio Madeira, na Ponta do Abunã, é um evento altamente positivo, uma vez que vai incentivar e acelerar o desenvolvimento do agronegócio naquele pedaço de Brasil que a séculos aguardava apenas uma oportunidade que agora está chegando para crescer. Na atualidade, do outro lado da ponte, bem como na parte voltada para Porto Velho, as margens da BR 364, mais de 30 mil hectares de lavouras de soja brilham na paisagem, assim como um rebanho bovino com mais de 225 mil cabeças, pastam soltos nos campos.
Uma história linda...!
Durante boa parte da história, desde os tempos da exploração da borracha ainda lá pelo século XIX, aquela região começa a crescer ganhando impulso com a chegada da BR 364, no final da década de 1970. Até então aquela área pertencia ao Acre, que depois de alguns arranca rabos, entre os dois estados vizinhos, juridicamente passou ao estado e Rondônia que por muitos anos permaneceu esquecida. Há registros interessantes revelando que ali era o fim de Rondônia e começo do Acre.
Tem mais...!
Ao longo do trecho de 160 quilômetros interligando Rondônia e Acre pela BR 364, um sonho do visionário Juscelino Kubistchek passando pelos distritos de Fortaleza do Abunã, extrema até Nova Califórnia, existe centenas de pequenos e médios produtores rurais, que a mais de 40 anos foram assentados na região pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), permanecendo até hoje como invasores sem os documentos oficiais, que os torna verdadeiros proprietários. De repente o presidente Jair Bolsonaro, ao inaugurar a ponte sobre o rio Madeira, quem sabe, não anuncia um plano de regularização fundiária para aquela região?
Nossa homenagem!
Com a devida vênia que expressar em nome da coluna minha homenagem a todas as mulheres pela passagem do dia delas, na próxima segunda-feira (08). Sou da teoria daqueles que acreditam que ao lado de um bom homem caminha uma boa mulher.
Até a próxima
Lá perto da fronteira do Brasil com Argentina, onde nasci e vive boa parte daminha infância e adolescência, existe um adágio que diz: “para acabar com os carrapatos às vezes é melhor sacrificar a vaca”. Por analogia neste momento de pandemia, não é mais justo sacrificar a economia, salvando vidas? Os prejuízos se recuperam com o tempo, vidas que se vão não voltam mais...!!!
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2021/03/rondonia-e-acre-merecem-essa-ponte-as-margens-da-br-364-mais-de-30-mil-hectares-de-de-soja-brilham-um-sonho-do-visionario-juscelino-kubistchek,98215.shtml