PANDEMIA Argentina estende por mais três semanas quarentena mais prolongada do mundo Publicada em 19/09/2020 às 09:25 A quarentena argentina vai continuar até, pelo menos, dia 11 de outubro, totalizando 205 dias. No interior do país, haverá um endurecimento das medidas de restrição. Metade da população rejeita a rigidez das medidas de isolamento. Ciente do cansaço social após 182 dias de quarentena, pela primeira vez o presidente Alberto Fernández não apareceu para anunciar a 12.ª extensão do isolamento social obrigatório, iniciado em 20 de março. "A partir do diálogo constante com os especialistas e com os governadores de todo o país, decidimos manter as medidas de cuidado até domingo, 11 de outubro", diz o anúncio oficial emitido por vídeo através das redes sociais. O comunicado evitou usar o termo "quarentena", substituindo-o por "medidas de cuidado". Além disso, para evitar mais desgaste político, foi deixado para os governadores de cada província o anúncio das medidas de endurecimento. "As autoridades locais serão as que determinarão as novas indicações para cada território. O governo nacional recomenda incrementar as restrições para diminuir a circulação das pessoas", indica a declaração oficial. Enquanto os países vizinhos experimentam uma estabilidade de casos ou mesmo uma diminuição do número de contágios, a Argentina observa um aumento de casos, o que faz do país o décimo com mais infecções acumuladas, apesar de ser um dos que menos testes faz. A onda de contágios na Argentina avança pelo interior do país, onde o sistema de saúde é mais frágil. "Em maio, o interior representava apenas 7% dos contágios enquanto a área metropolitana de Buenos Aires respondia por 93%. Agora, o interior representa 49,2%, quase a mesma porcentagem de Buenos Aires com 50,8%. Na área metropolitana da capital, a curva de contágios é alta, mas estável", exemplifica o anúncio oficial, apontando uma ocupação de 67,3% das UTI. A quarentena argentina tem perdido o amplo apoio popular inicial e é agora rejeitada por 53,4% dos argentinos, de acordo com uma sondagem da consultora Giacobbe. Ao mesmo tempo, a popularidade do presidente Alberto Fernández, que em março registrava uma taxa de aprovação popular de 67,8%, desceu agora para 37,1%. A imagem negativa superou a positiva, passando a 48,5%. "O presidente Alberto Fernández perdeu tudo aquilo que conquistou durante o começo da quarentena. Voltou ao baixo patamar que tinha ao assumir o cargo em dezembro", explica à RFI o analista político Jorge Giacobbe. Nas últimas semanas, o presidente passou a negar que exista uma quarentena, preferindo eufemismos como "isolamento sanitário" e "medidas de cuidado". "Os jornais podem publicar que estamos em quarentena, mas é mentira. É falso", insiste Alberto Fernández. A Argentina não permite aulas presenciais e o uso dos transportes públicos para quem não for funcionário de um trabalho considerado essencial. A circulação de pessoas e de veículos necessita de permissão especial. Não são autorizados os deslocamentos de cidadãos entre municípios e províncias. Não há voos domésticos nem internacionais. Estão proibidas as reuniões de amigos e familiares que não convivam e a permanência de crianças nas ruas das áreas mais povoadas do país. Choque com Buenos Aires A capital, governada pela oposição, tem entrado em conflito com o governo nacional quanto à postura de flexibilizar as restrições. O governador do Distrito Federal, Horacio Larreta, anunciou novas aberturas. Bares e restaurantes que já podiam ter mesas nas ruas, agora vão poder somar pátios internos e terraços, mas os espaços internos vão continuar fechados. Depois de seis meses de quarentena, os habitantes da capital do país vão poder ter atendimento médico e fazer exames, algo que estava restrito aos casos urgentes. Na cidade, as construções de obras com mais de 5.000 metros quadrados e aquelas que estiverem a menos de 90 dias da sua finalização poderão ser retomadas. E os cultos religiosos vão poder ser realizados com 20 pessoas no máximo. "Há 10 semanas, o número diário de contágios na cidade está estabilizado em mil casos. É uma estabilidade num nível alto, mas é um alento porque temos conseguido somar atividades e manter o nível de contágio estável", declarou Larreta. Com 45 milhões de habitantes, o número de infectados no país pelo novo coronavírus soma 613.658 e os mortos são agora de 12.655. Um total de 3.108 pessoas estão em terapia intensiva, número que faz da Argentina o quinto país com casos mais graves do mundo, apenas atrás de Estados Unidos, Índia, Brasil e Irã. Fonte: RFI Leia Também Argentina estende por mais três semanas quarentena mais prolongada do mundo Rio Machado chega a 6 metros e bate menor registro de nível dos últimos 43 anos Ruth Bader Ginsburg, a juíza mais antiga da Suprema Corte dos EUA, morre aos 87 anos Anúncios em redes sociais devem se ater ao cumprimento de normas sanitárias, alerta Procon Serviços de pavimentação asfáltica são executados no perímetro urbano da rodovia 140 Twitter Facebook instagram pinterest