DECLARAÇÃO Macron reconhece 'responsabilidades' da França no genocídio de Ruanda Publicada em 27/05/2021 às 08:52 O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira (27) em Ruanda que reconhece "as responsabilidades" da França no genocídio de 1994 no país africano, em um discurso feito no memorial das vítimas em Kigali, e pediu perdão. Ao menos 800 mil pessoas foram mortas no genocídio de Ruanda em 100 dias, entre abril e julho de 1994. No Memorial do Genocídio repousam os restos mortais de 250 mil vítimas de uma das tragédias mais sangrentas do século XX. Macron afirmou que a França "não foi cúmplice", mas permitiu "por tempo demais que o silêncio prevalecesse", acrescentando que "apenas aqueles que cruzaram a noite poderão talvez nos perdoar, dar-nos o presente do perdão". "Essa trajetória de reconhecimento das nossas dívidas cria a esperança de deixar esse período obscuro para trás e caminhar novamente juntos. Neste caminho, apenas aqueles que atravessaram esse período obscuro possam talvez perdoar", disse o presidente francês. O esperado discurso aconteceu durante visita oficial a Ruanda, anunciada como "o passo final na normalização das relações" entre os países, após mais de 25 anos de tensões pelo papel da França na tragédia. Coroa de flores que o presidente francês, Emmanuel Macron, colocou em uma vala comum com restos mortais das vítimas do genocídio de Ruanda de 1994 — Foto: Jean Bizimana/Reuters "Hoje, aqui, com humildade e respeito, venho reconhecer nossas responsabilidades", disse Macron no discurso feito no memorial sobre o genocídio, fazendo questão de frisar que a França "não foi cúmplice". "Reconhecer este passado é também — e acima de tudo — continuar o trabalho da Justiça. Comprometemo-nos a garantir que nenhum suspeito de crimes de genocídio possa escapar do trabalho dos juízes". Tema sensível O papel da França antes, durante e depois do genocídio de Ruanda é um tema sensível há anos e chegou a provocar o rompimento das relações diplomáticas entre os países entre 2006 e 2009. Em março deste ano, a França publicou um relatório, mostrando que o país "carrega uma grande responsabilidade por tornado possível um genocídio previsível". A chamada "comissão Duclert" não encontrou, no entanto, provas de cumplicidade do país no derramamento de sangue. Com o discurso, Macron vai mais longe que seus antecessores. Antes dele, apenas Nicolas Sarkozy viajou para Kigali desde o genocídio. O então presidente francês reconheceu "graves erros" e "uma forma de cegueira" das autoridades francesas que tiveram consequências "absolutamente dramáticas". Normalização das relações Para o atual presidente de Ruanda, Paul Kagame, que liderou a rebelião tutsi que pôs fim ao genocídio, o relatório dos historiadores marcou uma mudança de rumo nas relações entre ambos os países. Durante visita à França, na semana passada, Kagame declarou que o relatório abriu o caminho para que França e Ruanda tenham "uma boa relação". "Posso viver com as conclusões do relatório", disse o presidente de Ruanda em entrevista à imprensa francesa. "Podemos deixar o resto para trás e seguir em frente". Para concretizar a normalização das relações bilaterais, os dois presidentes podem chegar a um acordo sobre o retorno de um embaixador francês a Ruanda. O posto está vago desde 2015. Fonte: France Presse Leia Também Macron reconhece 'responsabilidades' da França no genocídio de Ruanda Sindsef convoca base para intensificar mensagens contra a Reforma administrativa aprovada na CCJ da Câmara Agência dos EUA aprova uso emergencial de medicamento contra covid-19 Consórcio SIM é condenado a pagar indenização por morte de motociclista em acidente de trânsito ONU: ataques israelenses em Gaza podem ser crimes de guerra Twitter Facebook instagram pinterest