MANIFESTAÇÃO Protestos contra o governo militar no Sudão deixam ao menos cinco mortos Publicada em 30/06/2022 às 14:31 Cinco manifestantes morreram nesta quinta-feira (30), segundo médicos pró-democracia em Cartum, onde dezenas de milhares de sudaneses exigem a saída do general Abdel Fattah al-Burhane, autor do golpe que mergulhou o país na violência e em uma grave crise econômica em outubro. Todas as semanas os sudaneses se manifestam contra os militares, mas a mobilização na quinta-feira, durante a qual gritaram "o povo quer a queda do general Abdel Fattah al-Burhane", acabou por ser a mais mortífera em meses. Cinco manifestantes foram mortos a tiros pelas forças de segurança, pelo menos três "por balas" disparadas "no peito" ou "na cabeça", informou um sindicato de médicos pró-democracia, denunciando também incursões das forças de segurança com disparos de bombas de gás lacrimogêneo dentro de hospitais da capital. Na noite de quarta-feira, um jovem manifestante havia sido morto por uma "bala no peito" em Cartum, segundo esses médicos. Desde outubro, 108 manifestantes foram mortos e outros milhares ficaram feridos pelas forças de segurança que, segundo a ONU, disparam regularmente munição real contra a multidão, sem, no entanto, enfraquecer a determinação das ruas. "Mesmo que todos nós tenhamos que morrer, os militares não nos governarão", gritava a multidão nesta quinta. Os manifestantes pretendem forçar o exército a devolver o poder aos civis após o golpe que mergulhou um dos países mais pobres do mundo em recessão econômica e política. O dia 30 de junho é um dia simbólico para este grande país da África Oriental porque marca duas datas importantes: o aniversário do golpe que levou o ditador Omar al-Bashir ao poder em 1989 e manifestações em 2019 que levaram os generais a integrar os civis ao poder depois de derrubar Bashir. Os manifestantes querem repetir a façanha de três anos atrás e obrigar o poder militar a devolver as rédeas do país aos civis. Como em todas as chamadas a manifestação, as redes de internet e telefonia sofriam perturbações e as forças de segurança foram mobilizadas em várias pontes de Cartum e seus subúrbios, segundo jornalistas da AFP. O enviado da ONU, Volker Perthes, insistiu que "a violência deve parar" e várias embaixadas exigiram que "não se perca mais vidas". Mas as capitais estrangeiras têm lutado, sem sucesso, para pressionar os generais no poder no Sudão quase continuamente desde a independência em 1956. Em 25 de outubro de 2021, quando o chefe do Exército, general Burhane, encerrou abruptamente a frágil divisão do poder ao prender seus parceiros civis, a comunidade internacional cortou sua ajuda - 40% do orçamento do Sudão. Essas sanções financeiras não dissuadiram o general Burhane, mas mergulharam a economia: a libra sudanesa entrou em colapso e a inflação excede 200% todos os meses. Pior ainda, o espectro da fome se aproxima: um terço dos 45 milhões de sudaneses sofre de "insegurança alimentar aguda", potencialmente fatal, e até setembro, esse número deve chegar a 50%, segundo a ONU. Já no início de junho, a ONG Save the Children anunciou a morte ligada à fome de duas crianças. Além disso, a espiral de violência em um país em guerra há décadas retomou seu ciclo: em Darfur, centenas de pessoas morreram em confrontos por terra e água e manifestações contra os militares terminam todas as semanas por mortos ou feridos. Centenas de ativistas foram presos e dezenas deles ainda estão atrás das grades. Fonte: AFP Leia Também Protestos contra o governo militar no Sudão deixam ao menos cinco mortos Avanços de Rússia e China na África preocupam Organização do Tratado do Atlântico Norte Ketanji Brown toma posse como primeira juíza negra da Suprema Corte dos EUA Cada partido de uma federação deve cumprir cota feminina, reforça TSE TST: número de ações não reflete discriminação sexual no trabalho Twitter Facebook instagram pinterest