POLÍTICA Polônia revive debate com Alemanha sobre reparações de guerra Publicada em 01/09/2022 às 15:38 O governo polonês estimou nesta quinta-feira (1º) o custo financeiro das perdas da Segunda Guerra Mundial em 1,3 trilhão de euros, e anunciou por intermédio do presidente do partido no poder que exigirá da Alemanha "negociar essas reparações". Pouco depois, a Alemanha rechaçou a demanda polonesa ao considerar que o tema das reparações à Polônia já estava "encerrado". A quantia de 6,2 trilhões de zlotys (1,3 trilhão de euros) foi comunicada durante uma conferência dedicada à apresentação de um relatório sobre as perdas da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Desse total, "uma parte muito importante é a compensação pela morte de mais de 5,2 milhões de cidadãos poloneses", disse o presidente do partido Lei e Justiça (PiS, na sigla em polonês), Jaroslaw Kaczynski, admitindo que o caminho para isso será "longo e difícil". Segundo o relatório, 2,1 milhões de cidadãos foram deportados para trabalhos forçados na Alemanha nazista. Cada um deles trabalhou em média dois anos e nove meses. Após a guerra, e devido a experiências pseudomédicas e às detenções nos campos de concentração, cerca 590.000 cidadãos poloneses ficaram incapacitados. Entre 1939 e 1945, a Polônia perdeu 50% de seus advogados, 40% de seus médicos e 35% de seus professores universitários. Por outro lado, as perdas materiais foram estimadas em 800 bilhões de zlotys (170 bilhões de euros). As perdas vinculadas a bens culturais e artísticos foram avaliadas em cerca de 19 bilhões de zlotys (4 bilhões de euros). Por sua vez, as do setor bancário chegam a 18,8 bilhões de euros, enquanto as do setor de seguros somam € 7,2 bilhões. Desde que chegou ao poder em 2015, o PiS, partido nacionalista e conservador, constantemente traz à tona a questão das reparações de guerra. O trabalho sobre o relatório começou em 2017. - 'Inacreditavelmente cruel' - "Não apenas preparamos um relatório, que é um documento aberto e certamente será concluído, mas também tomamos uma decisão, uma decisão sobre ações futuras", acrescentou Kaczynski, "e essa ação é pedir à Alemanha que negocie essas reparações". "Os alemães invadiram a Polônia e nos causaram enormes danos. A ocupação foi inacreditavelmente criminosa, inacreditavelmente cruel e causou efeitos que, em muitos casos, continuam até hoje", disse o presidente do PiS. A Alemanha rejeitou nesta mesma quinta-feira a demanda da Polônia por reparações aos danos infligidos pelo regime nazista na Segunda Guerra Mundial. "A posição do governo federal não mudou, o tema das reparações está encerrado", declarou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão. "A Polônia desistiu de pedir novas reparações há muito tempo, em 1953, e confirmou essa renúncia em diversas ocasiões" acrescentou. A soma das perdas da Polônia equivale a aproximadamente um terço do Produto Interno Bruto (PIB) anual da Alemanha, a quarta maior economia do mundo. Segundo a Alemanha, a Polônia renunciou às reparações de guerra da Alemanha Oriental em 1953, algo que os conservadores poloneses contestam. Assim como a Polônia, a Alemanha Oriental fazia parte da esfera de influência soviética após o conflito mundial, até a queda do Muro de Berlim em 1989 e a reunificação alemã no ano seguinte. Para a oposição liberal polonesa, o relatório sobre as perdas do país tem fins principalmente domésticos, a um ano das eleições legislativas. "A iniciativa do PiS sobre as reparações de guerra vêm à tona toda vez que o PiS precisa construir uma narrativa política" declarou Donald Tusk, presidente da Plataforma Cívica (PO), o principal partido de oposição. "Não se trata de reparações de parte da Alemanha, mas de uma campanha política" na Polônia, acrescentou, ao estimar que Jaroslaw Kaczynski quer "fortalecer o apoio ao partido no poder mediante essa campanha anti-alemã". Fonte: AFP Leia Também Polônia revive debate com Alemanha sobre reparações de guerra ONU diz que usina nuclear na Ucrânia teve integridade violada Semosp realiza conjunto de obras para readequação de pista na linha 176 norte Ex-primeira-dama da Malásia condenada à 10 anos de prisão por corrupção Serviço de pavimentação asfáltica na Rua Beira Rio é concluído Twitter Facebook instagram pinterest