INVASÃO AO CAPITÓLIO Comitê do Congresso dos Estados Unidos recomenda processo criminal contra Trump Publicada em 20/12/2022 às 14:48 O comitê do Congresso americano que investigou a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos no ano passado recomendou, nesta segunda-feira (19), que Donald Trump seja formalmente acusado por diversos crimes, inclusive o de conspiração, o que poderia levar o ex-presidente à prisão. O relatório final será divulgado nesta quarta-feira (21). O comitê também propôs acusar Trump dos crimes de obstrução de um procedimento oficial e conspiração para fraudar o governo dos Estados Unidos, após uma investigação de 18 meses sobre o ataque ao Congresso, em 6 de janeiro de 2021. Antes de sua próxima dissolução, em 3 de janeiro de 2023, por mudança de maioria, a comissão pretendia apresentar suas conclusões e tomar decisões pelo menos simbólicas, em particular recomendando um processo criminal contra o ex-presidente, explica o correspondente da RFI em Washington, Guillaume Naudin. Pelo menos cinco pessoas morreram quando uma multidão atiçada por afirmações falsas de Trump, de que as eleições de 2020 foram fraudulentas, saqueou o Capitólio para impedir a transferência de poder ao presidente eleito Joe Biden. Trump incapaz O comitê, formado por sete democratas e dois republicanos, sugeriu por unanimidade propor essas acusações criminais ao Departamento de Justiça depois que a vice-presidente do colegiado, Liz Cheney, acusou Trump de "clara negligência" ao não tentar deter imediatamente os distúrbios e assinalou que o ex-presidente "não é apto para nenhum cargo". "Ninguém que se comportou assim naquele momento pode voltar a ocupar um cargo de autoridade em nossa nação", declarou a legisladora. O voto do comitê, no entanto, é amplamente simbólico e não vinculante. A decisão final sobre o indiciamento ou não de Trump caberá ao procurador-geral e secretário de Justiça, Merrick Garland. "O comitê reuniu provas significativas de que o presidente Trump pretendia interromper a transição pacífica de poder tal e como estabelece a nossa Constituição", declarou o membro do comitê Jamie Raskin pouco antes da votação. "As provas acumuladas durante nossa investigação justificam recomendar um processo penal contra Donald Trump", acrescentou. O ex-presidente divulgou um comunicado em que afirma que as acusações que o comitê recomenda contra ele são "falsas" e, em sua opinião, uma manobra para impedir sua corrida presidencial em 2024. As acusações sugeridas expõem Trump a penas de prisão e à proibição de ocupar cargos públicos. Os congressistas não podem apresentar as acusações por conta própria, mas podem recomendar que o Departamento de Justiça o faça. O órgão já nomeou um procurador especial para investigar o papel de Trump nos distúrbios do Capitólio e seus esforços para reverter o resultado das eleições de 2020. Cerca de 900 pessoas foram detidas por conexão com esse ataque. Plano para reveter urnas O comitê considera que Trump "supervisionou e coordenou um plano sofisticado para reverter a eleição presidencial e evitar a transferência de poder". Os investigadores afirmam que a trama começou com a campanha de Trump para difundir acusações, que ele sabia que eram falsas, de que as eleições foram forjadas. A decisão de recomendar as acusações contra Trump é inédita: jamais o Congresso remeteu ao Departamento de Justiça um caso criminal contra um presidente em exercício ou um ex-presidente. É também um golpe para Trump, de 76 anos, que já anunciou sua candidatura à Casa Branca e poderia ficar inelegível. Em oito audiências, o colegiado revelou uma grande quantidade de provas sobre o envolvimento de Trump nos planos para anular as eleições e considerou que era impossível que o então presidente não tivesse conhecimento de que havia perdido as eleições para Joe Biden. Trump "supervisionou e coordenou um plano sofisticado de sete partes para anular a eleição presidencial e impedir a transferência de poder" para Biden. Os investigadores dizem que a trama começou com a campanha do ex-presidente de difundir acusações conscientemente falsas de fraude nas eleições presidenciais de 2020. Coerção por apoio Trump é acusado de tentar corromper o Departamento de Justiça e de pressionar seu vice-presidente, Mike Pence, assim como funcionários eleitorais e legisladores estaduais, para anular a votação de 2020. "O exemplo mais dramático desta campanha de coerção foi o telefonema do presidente em 2 de janeiro de 2021 ao secretário de Estado de Geórgia, Brad Raffensperger, na qual o presidente lhe pediu que encontrasse 11.780 votos para mudar o resultado nesse estado", disse o congressista Adam Schiff. Trump também é acusado de convocar e reunir a multidão em Washington, e de incentivá-la a se dirigir ao Capitólio, apesar de saber que algumas pessoas estavam armadas com rifles, pistolas e outras armas. E, durante horas, ignorou os pedidos de seus colaboradores para que tomasse medidas que colocassem fim à violência, segundo os legisladores. Trump estava "no centro" de "uma tentativa de golpe", disse o presidente do comitê, o representante democrata Bennie Thompson. O colegiado interrogou vários colaboradores de Trump, entre eles o seu então procurador-geral, Bill Barr, e inclusive sua filha Ivanka. Em trechos dos interrogatórios que vieram à público, muitos deles disseram que jamais acreditaram que tivesse havido fraude eleitoral. Fonte: AFP Leia Também Comitê do Congresso dos Estados Unidos recomenda processo criminal contra Trump Taiwan inicia investigação contra TikTok por suposta operação ilegal na ilha Polícia da Itália atravessa país de Lamborghini para entregar dois rins Projeto Geo Rondônia seleciona colaboradores para atuarem como bolsistas Gilmar Mendes suspende autorização do porte de arma da deputada Carla Zambelli Twitter Facebook instagram pinterest