MEIO AMBIENTE Mais de 4 mil garimpos ilegais contaminam rios e comunidades amazônicas, diz a Organização do Tratado de Cooperação Amazônia Publicada em 07/08/2023 às 09:02 O uso de mercúrio nos garimpos ilegais em toda a região da Bacia Amazônica vai receber atenção especial da “Declaração de Belém”, documento a ser assinado na quarta-feira (9) pelos líderes dos países participantes da Cúpula da Amazônia. Segundo a Organização do Tratado de Cooperação Amazônia (OTCA), há 4.114 pontos de mineração ilegal em todo o bioma. Eles despejam mais de 150 toneladas de mercúrio por ano na região. A declaração dos chefes de Estado de países amazônicos vai buscar compromissos conjuntos para combater os garimpos ilegais e o uso de mercúrio, um metal pesado utilizado pelos garimpeiros para facilitar a separação do ouro. Além disso, a Cúpula da Amazônia vai reafirmar o compromisso dos países-membro da OTCA com a Convenção de Minamata, acordo assinado por 128 países em 2013 para combater o uso de mercúrio. O diretor-executivo da OTCA, embaixador Calos Lazary, disse em entrevista à GloboNews que o encontro em Belém eleva a outro patamar a cooperação entre os países amazônicos para enfrentar os problemas comuns às oito nações. “Não adianta, por exemplo, o Brasil trabalhar com a qualidade da água se os rios acima já vêm contaminados. A questão do mercúrio é fundamental que todos os países trabalhem juntos”, diz Lazary. Uma nota técnica produzida pela ONG WWF-Brasil a pedido da OTCA reuniu dados de 100 estudos sobre o uso de mercúrio na Amazônia. O documento, obtido com exclusividade pela GloboNews, mostra que a contaminação por mercúrio afeta principalmente as comunidades ribeirinhas e indígenas. O Brasil, país que abriga 68% da floresta, é o mais perigoso para os ribeirinhos, o único onde a concentração média de mercúrio em humanos, nas comunidades ribeirinhas, ultrapassou a quantidade máxima estipulada pela Organização Mundial da Saúde: 10 partes por milhão (ppm). Acima de 10 ppm, segundo a OMS, os efeitos para a saúde podem ser graves e irreversíveis. Na Amazônia brasileira, a concentração média de mercúrio em humanos nas comunidades ribeirinhas é de 15,4 ppm, segundo a nota técnica. Em seguida vem a Colômbia, cuja concentração média desse metal é 9,3 ppm; e Peru, com 8,3 ppm. Apesar de estarem abaixo do máximo estipulado pela OMS, Colômbia e Peru têm índices “perigosamente próximos” do limite máximo, segundo o documento feito pela OTCA. Ao analisar os estudos feitos em comunidades indígenas, no entanto, os pesquisadores concluíram que os índices de mercúrio em humanos ultrapassaram exageradamente o limite máximo de 10 ppm. No Peru, país com a mais alta contaminação dos povos originários, a concentração média de mercúrio em humanos nas comunidades indígenas é de 27,5 ppm. Na Colômbia, o índice médio é de 23,1 ppm; No Brasil, 16,3 ppm. Para a WWF-Brasil, mesmo que o Brasil aperte a legislação contra o ouro ilegal não conseguiria enfrentar o problema sozinho. “Se o ouro continuar saindo pela Venezuela ou saindo pelo Peru, como acontece hoje, e é muito fácil isso acontecer, não vai resolver o problema”, diz Raul Valle, especialista em políticas públicas da WWF-Brasil. Ele explica ainda que boa parte do mercúrio usado no Brasil vem da Bolívia ou da Venezuela. “Não adianta nada o Brasil conseguir fazer uma restrição para a comercialização interna de mercúrio se a Bolívia e a Venezuela não resolverem isso”, afirma Valle. A nota técnica também reuniu dados de estudos que analisam os peixes de rios amazônicos. Como essas comunidades se alimentam da pesca, a contaminação humana também se dá por meio da ingestão dos pescados. A concentração máxima de mercúrio em peixes estabelecida pela OMS é de 0,5 ppm. Todos os países amazônicos ultrapassam esse limite, com o Brasil na liderança: Brasil - 8,7 ppm Guiana Francesa - 6,4 ppm Suriname - 4,6 ppm Venezuela - 1,9 ppm Bolívia - 1,8 ppm Colômbia - 1,4 ppm Peru - 1,1 ppm Segundo a OMS, não existe um limite mínimo aceitável de concentração de mercúrio em humanos. A contaminação por essa substância, por mínima que seja, é prejudicial à saúde. Ultrapassar o limite de 10 partes por milhão, porém, pode trazer problemas sérios ao sistema nervoso, ao trato digestivo e ao sistema imunológico. O excesso de mercúrio também provoca doença nos rins e nos pulmões e, em mulheres grávidas, pode gerar bebês com paralisia motora, além de problemas de visão e audição. Fonte: G1 Leia Também Mais de 4 mil garimpos ilegais contaminam rios e comunidades amazônicas, diz Organização SINJUR entrega justificativa a deputados pedindo alteração no Regime Jurídico dos Servidores, contemplando licença por morte de avós Junta militar do Níger fecha espaço aéreo após ultimato de vizinhos Lei Maria da Penha completa 17 anos de enfrentamento à violência contra a mulher; Para o Sintero a erradicação perpassa por diversas questões Papa reafirma que Igreja Católica é aberta a LGBTQIA+, mas há regras Twitter Facebook instagram pinterest