Secretário-Geral da ONU "condena veementemente" tentativa de golpe no Gabão

O Secretário-Geral está acompanhando de perto a evolução da situação no Gabão. O Secretário-Geral registra com profunda preocupação o anúncio dos resultados eleitorais em meio a relatos de graves violações das liberdades fundamentais", afirmou Stéphane Dujarric.

Guterres "condena veementemente a tentativa de golpe em andamento como forma de resolver a crise pós-eleitoral" e "reafirma sua forte oposição a golpes militares", acrescentou o porta-voz em comunicado.

O ex-primeiro-ministro português apelou a todos os envolvidos para que exerçam moderação, participem de um diálogo "inclusivo e significativo" e "garantam que o Estado de direito e os direitos humanos sejam plenamente respeitados".

"O Secretário-Geral apela também ao exército nacional e às forças de segurança para garantir a integridade física do Presidente da República e de sua família. As Nações Unidas apoiam o povo do Gabão", conclui o comunicado de Dujarric.

O Gabão enfrenta desde a madrugada de hoje um golpe de Estado realizado por militares, iniciado pouco depois de serem anunciados os resultados das eleições de sábado, nos quais o Presidente Ali Bongo Ondimba permaneceria no poder, mantendo 55 anos de domínio de sua família.

Um grupo de militares do Gabão anunciou na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.

Após constatar "uma governança irresponsável e imprevisível que resulta em uma contínua deterioração da coesão social, com risco de levar o país ao caos (...) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor", declarou um dos militares.

O mesmo militar, alegando falar em nome de um Comitê de Transição e Restauração Institucional, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam "fechadas até novo aviso".

De acordo com a agência France-Presse, durante a transmissão televisiva foram ouvidos tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.

Horas antes, no meio da noite, às 03:30 (mesmo horário em Lisboa), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE) havia divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.

A comissão eleitoral anunciou que o Presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, havia conquistado um terceiro mandato nas eleições de sábado, com 64,27% dos votos expressos, derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, com 30,77% dos votos.

O anúncio foi feito enquanto o Gabão estava sob toque de recolher e com o acesso à Internet suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das eleições.