AMAZÔNIA Senador de Rondônia admite negociar com desmatadores, diz site Publicada em 30/01/2025 às 15:01 Porto Velho, RO – De acordo com o site "O Joio e o Trigo", em reportagem produzida em parceria com a Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center, o senador Jaime Maximino Bagattoli (PL-RO), eleito em 2022 com 289.553 votos, mantém um histórico de ligações com o agronegócio e a pecuária intensiva. Empresário do setor em Vilhena, no Cone Sul de Rondônia, ele recebe financiamento via Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e tem fornecido gado para a Minerva Foods, a segunda maior indústria de carnes do Brasil. Desde 2022, Bagattoli já realizava transações comerciais com a Minerva, e no ano seguinte, recebeu R$ 25,8 milhões em 15 parcelas. Esses pagamentos foram viabilizados pela captação de recursos no mercado de capitais através da securitização. O senador figura como o 11º maior beneficiário no ranking de pecuaristas listados no CORP Minerva VI, que detalha as operações financeiras da empresa. Além dele, seu irmão, Orlando Vitorio Bagattoli, também foi contemplado, recebendo R$ 4,8 milhões pelo mesmo mecanismo. Investigação conduzida pelo Centro para Análise de Crimes Climáticos (CCCA) aponta que parte do gado comercializado pelo Grupo Bagattoli teve origem em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. A reportagem revela que a Fazenda Alvorada, de propriedade do senador e localizada próxima à BR-364 em Vilhena, funciona como um centro de recebimento de gado, com estrutura de confinamento avançada. A propriedade enviou cerca de seis mil animais para a unidade da Minerva em Rolim de Moura entre maio de 2019 e janeiro de 2022. Questionado sobre os impactos ambientais, Bagattoli admitiu que seu sistema de criação não exclui fornecedores ligados ao desmatamento. Ele argumentou que a regularização fundiária na Amazônia é problemática e que muitos produtores repassam animais para terceiros antes da venda aos frigoríficos, ocultando a origem do gado. O senador afirmou que seu confinamento está entre os 15 mais avançados do Brasil e que vende cerca de 30 mil cabeças de gado anualmente. O volume de negócios do Grupo Bagattoli abrange diversos setores do agronegócio, incluindo a produção de grãos, logística de transporte e distribuição. A transportadora Giomila, os armazéns Kargioli Importação e Exportação e o Posto de Combustíveis Catarinense fazem parte da estrutura empresarial controlada pelo senador. A fazenda Alvorada opera com uma logística de transporte robusta, movimentando diariamente entre 65 e 70 caminhões carregados de gado próprio e de terceiros. A captação de recursos pelo CRA da Minerva envolve um grande número de investidores. Cerca de 3.984 pessoas físicas adquiriram 25% dos títulos financeiros emitidos pela empresa, com investimentos a partir de R$ 1 mil. No total, a Minerva levantou R$ 2 bilhões no mercado de capitais até outubro de 2023. Parte desses recursos veio de 11 fundos de investimento em cadeias produtivas do agronegócio (Fiagro), entre eles, o Kinea Crédito Agro, vinculado ao grupo Itaú, e o Sparta Fiagro Imobiliário. Além da Minerva, a Fazenda Alvorada manteve operações comerciais com a JBS, a maior processadora de carnes do mundo. Entre outubro de 2018 e janeiro de 2022, aproximadamente 40 mil animais foram vendidos à empresa, que também capta recursos por meio de securitização no mercado financeiro. O gado abatido pela Minerva em Rolim de Moura tem como principais destinos internacionais a China e o Egito. A Salic International Investment Company, conglomerado saudita e sócio majoritário da Minerva S.A., se beneficia dessas exportações. Na política, Bagattoli emergiu como liderança no agronegócio rondoniense. Antes de se eleger senador, tentou disputar o cargo em 2018, sem sucesso. Ele iniciou sua trajetória empresarial nos anos 1980, atuando na exploração madeireira na Amazônia, e consolidou sua influência no setor pecuário, tornando-se um dos maiores confinadores de gado do país. Em 2022, sua campanha contou com forte apoio do eleitorado bolsonarista. No Senado, Bagattoli tem defendido propostas de flexibilização da legislação ambiental. Ele é autor do PL 3334/2023, que busca reduzir a exigência de áreas de Reserva Legal de 80% para 50% em propriedades rurais localizadas na Amazônia Legal. A proposta beneficiaria estados onde mais da metade do território é protegido por Unidades de Conservação ou Terras Indígenas. Especialistas alertam que a medida poderia abrir espaço para o desmatamento de cerca de 30% das áreas atualmente protegidas. Marcondes Coelho, do Instituto Centro de Vida (ICV), explicou que a proposta representa um risco significativo para a conservação ambiental da Amazônia. Ambientalistas argumentam que a flexibilização do Código Florestal pode comprometer o equilíbrio ecológico da região e impulsionar novos episódios de degradação ambiental. Leia a matéria exclusiva na fonte original: "https://ojoioeotrigo.com.br/2025/01/menos-floresta-mais-pasto-senador-jaime-bagattoli-ameaca-a-amazonia-com-dinheiro-do-mercado-de-capitais/". Fonte: Rondoniadinamica Leia Também Senador de Rondônia, Jaime Bagattoli admite negociar com desmatadores, diz site; confira a íntegra Prisões por furto de energia em SP crescem 65% em 2024, aponta Enel Prefeitura de Ariquemes fez a entrega de novos maquinários para SEMAIC Cessar-fogo entre Israel e Hamas tem tensão após Netanyahu atrasar troca de prisioneiros Gestoras e vereadores acompanham obra de ampliação e modernização Twitter Facebook instagram pinterest