Porto Velho, RO – Ele é popular e maciçamente apoiado pela sociedade em seu país. O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte (foto), já se comparou a Hitler ao anunciar, publicamente, que gostaria de exterminar três milhões de viciados, metade do número de judeus massacrados pelo ditador austríaco durante o Holocausto, segundo cálculos aproximados apresentados por historiadores.
Em seguida, tentou amenizar a declaração explicando que os dizimados pelo maior expoente do Terceiro Reich eram pessoas inocentes, enquanto seus alvos são todos criminosos.
Duterte é uma figura emblemática. Não tivesse o poder que tem, poderia ser considerado folclórico levando em conta a maneira de se portar. Ao se pronunciar, fala em matança, faz insinuações teatrais amedrontadoras e não economiza nos gestos obscenos.
Foi eleito com folga usando como mote de campanha o fim das drogas e da criminalidade relacionada a elas em seis meses de mandato. Em suma, o líder daquela nação já provou que não está para brincadeiras: são mais de oito mil pessoas mortas desde que assumiu suas funções presidenciais.
Na última terça-feira (07), a Câmara dos Deputados das Filipinas aprovou a recriação da pena de morte aos crimes relacionados a entorpecentes. A tendência é que o Senado faça o mesmo, já que o texto ainda deve passar pelo seu crivo. Segundo a Folha, o presidente tem demonstrado controle sobre as duas Casas Legislativas.
Duterte: folclórico, mas perigoso / Imagem.: Divulgação
Dinheiro incentiva execuções
A polícia – tanto a estatal quanto a formada por milicianos mascarados – e a própria população são incentivadas a executar traficantes e dependentes químicos.
A ONG Anistia Internacional denunciou a existência de crimes contra a humanidade dentro da campanha de combate às drogas promovida por Rodrigo Duterte, afirmando que as autoridades do país estão encobrindo mortes encomendadas, falsificação de atestados de óbito e roubos cometidos por policiais.
A mesma organização alegou ao Fantástico, da Rede Globo, que os policiais também são recompensados pelo massacre urbano promovido pelo novo governo.
Décadas após o desastre deixado como legado à Humanidade pela Alemanha hitlerista, o mundo volta a aplaudir de pé as intenções megalômanas de pessoas que, embora eleitas democraticamente, operam o fascismo ditatorial com extermínio das massas. Gente na penúria, vivendo em barracões montados próximos a lixo e esgoto a céu aberto, paga o preço da varredura imposta pelo déspota filipino.
O problema endêmico das drogas e a questão de saúde em relação à dependência não tem solução rápida.
Obliterar sumariamente qualquer um que esteja pela frente com certeza não é política de Estado, é assassínio coletivo que varre a sujeira para debaixo do tapete, resposta para inglês ver e, pelo visto, brasileiro louvar.
Percebe-se, no fim das contas, que a aniquilação do baixo clero abre espaço para a bandidagem institucional da politicagem e do colarinho branco. É uma permuta disfarçada: sai de cena o viciado maltrapilho dando lugar aos engravatados, fardados e condecorados por suas próprias instituições.
Cada vez que um facínora é aclamado, regressamos e ficamos mais próximos à estaca zero do que do estágio seguinte da evolução.
Pense nisso!
A coluna Visão Periférica é publicada às sextas
Autor / Fonte: Vinicius Canova
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