Colômbia: Uribe retorna e ameaça acordo com as Farc

Colômbia: Uribe retorna e ameaça acordo com as Farc

Ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, vota no referendo que propõe acordo de paz entre o governo colombiano e a FARC (John Vizcaino/Reuters)

O ex-presidente Álvaro Uribe, principal rival do atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do acordo de paz com os terroristas das Farc, colecionou diversas vitórias na eleição legislativa deste domingo, 11 de março.

Em primeiro lugar, Uribe conquistou uma boa liderança no próximo Senado. Com mais de 700 000 votos, ele já está sendo considerado o senador mais bem votado da história do país.

Seu partido, o Centro Democrático, provavelmente conseguirá formar maioria no próximo Parlamento aliando-se com outras legendas de centro-direita.

Por fim, o senador Iván Duque, que considera Uribe seu mentor, ganhou 67% dos votos entre os que optaram pela lista da direita (na Colômbia, as eleições legislativas servem também para definir quem será o candidato único de cada partido).

Duque teve quase 4 milhões de votos, foi ungido o candidato do Centro Democrático e largará com folga para disputar a eleição presidencial em 27 de maio. O segundo nome mais querido, de Gustavo Petro, da lista da esquerda, teve 2,8 milhões de votos.

Com o resultado, Uribe e seus colegas podem atrapalhar a implementação do acordo de paz assinado entre o presidente Juan Manuel Santos e os terroristas das Farc em setembro de 2016. O acerto já tinha sido rejeitado pela população colombiana em um referendo popular no mês seguinte. Na época, Duque foi um dos principais críticos das negociações que aconteceram em Havana, Cuba.

Pelo acordo, os membros das Farc entregaram as armas e fundaram um novo partido, a Força Alternativa Revolucionária do Comum. Eles terão garantidos dez lugares no próximo Congresso, não importando o número de votos obtidos. Na campanha para as legislativas, a Farc teve de tirar seus candidatos das ruas tamanha foi a hostilidade em relação a eles.

Alguns pontos do acordo já começaram a ser implementados, como a substituição do cultivo de coca, matéria-prima da cocaína, por outros produtos agrícolas. No campo, organizações internacionais e policiais iniciaram a retirada de minas terrestres.

Outros pontos do acordo, contudo, não evoluíram e correm o risco de caírem no limbo. Um deles é a reforma agrária, que a as Farc — apesar de serem uma das maiores proprietárias de terra do país — exigiram constar no acordo. Outro ponto é a formação de uma justiça provisória que deveria julgar os crimes cometidos pelos terroristas. A falta de uma base legal fez com que muitos duvidassem de que a Justiça seria feita.

Para Duque, que hoje está melhor posicionado para ser o novo presidente, é essencial que os terroristas paguem pelos crimes contra a humanidade que eles cometeram.

Se vencer o pleito, o advogado Iván Duque, de 42 anos, poderá ser o presidente mais novo da Colômbia.

Autor / Fonte: Veja

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