Porto Velho, RO – Quem me acompanha neste espaço sabe exatamente a minha opinião acerca das duas candidaturas remanescentes no segundo turno das eleições em Rondônia.
Entretanto, por uma simples questão de equilibrar o pleito, é dever de qualquer jornalista e de cidadãos em todas as esferas de atuação que se prezem, esviscerar passado, presente e questionar discursos entoados por ambos os postulantes.
No caso do Coronel Marcos Rocha, do PSL, que se vende como algo “novo” na política, chamou a atenção do jornal Rondônia Dinâmica um pronunciamento apresentado pelo militar em Cerejeiras, quando, à ocasião, relatou ter recebido “proposta indecente de corrupção”.
Aliás, foram pelo menos quatro propostas, já que a oferta, de acordo com Rocha, começou em R$ 200 mil, subiu aos R$ 400 mil, aumentou para R$ 500 mil e terminou dobrando em R$ 1 milhão.
Como resistiu às investidas, pelo menos segundo a sua versão quanto ao suposto ocorrido, aproveitou para bater no peito e falar sobre a honestidade que hipoteticamente permeia seus passos na vida pública.
Esqueceu-se, sem querer ou de forma consciente e bem pensada, no entanto, de relatar à plateia que detinha a obrigação legal de dar voz de prisão ao corruptor, além de tomar todas as providências necessárias para que o Ministério Público do Estado (MP/RO) agisse a fim de responsabilizar o envolvido no episódio revelado ao público.
Foi quando este mesmo noticiário chegou à conclusão óbvia de que o liberal pode, sim, ter confessado um crime, principalmente após consultar dois advogados especialistas no assunto.
O candidato até tentou censurar a reportagem, mas a Justiça Eleitoral (TER/RO) negou o pedido liminar e a próprio Ministério Público Eleitoral (MPE/RO) já opinou nos autos pedindo a improcedência da representação.
E AINDA
Justiça de Rondônia reconhece: Coronel Marcos Rocha pode ter prevaricado
Agora, só falta o mérito ser julgado.
No debate promovido ontem (25) pela TV Rondônia, afiliada da Rede Globo, Expedito Júnior (PSDB) perguntou ao coronel por que ele não flagranteou o propineiro.
A resposta?
CONFIRA O MOMENTO EXATO
"Não era uma empresa, era uma pessoa". Sério, coronel?
“Eu estava com o pé operado. Não era uma empresa, era uma pessoa. Infelizmente, eu não pude fazer isso [prendê-lo]. Às vezes acontece”, declarou o militar.
Bom, partindo do pressuposto de que a condição ortopédica aventada seja verídica, o que o impediu de sacar sua arma? De dar voz de prisão? De ligar 190? De contatar os promotores de Justiça? De expor o caso à imprensa? Cadê o Registro de Ocorrência? Onde está o protocolo da denúncia no MP/RO? Será que dá pra dizer, pelo menos agora, o nome da pessoa que o procurou?
A resposta correta para cada uma dessas perguntas é o mínimo que se espera de alguém que se diz verdadeiramente honesto, ético, probo e temente a Deus. Caso contrário, estamos diante de uma retidão de perfumaria, ou, traduzindo à linguagem da internet, melhor dizendo, de um íntegro de Taubaté.
Logo, mentira tem perna curta e pé quebrado. E sejamos francos, coronel: se o senhor mentiu – e até agora nada nessa história sem pé nem cabeça ruma para o lado contrário – é necessário recordar que desculpa de aleijado moral é a muleta retórica.
Autor / Fonte: Vinicius Canova
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