Atualizada segunda-feira, 26 de junho de 2017 às 22h58
Porto Velho, RO – O prefeito de São Paulo João Doria Júnior (PSDB), mais uma daquelas “estrelas” efêmeras forjadas pelo desespero extraído do apocalipse político-administrativo por qual passa o Brasil, adotou nova solução magnífica para aliviar os déficits dos cofres públicos da maior cidade da América do Sul.
Entenda
Doria quer taxa anual para famílias com parentes nos cemitérios municipais
E ainda
Gestão Doria recua e diz que pobres não serão enterrados em pé em cemitérios municipais
Em primeiro lugar, gentilmente, permitirá a cobrança de taxas anuais – que podem variar de R$ 200 a R$ 600 – de famílias que tenham parentes enterrados nos vinte e dois cemitérios públicos municipais.
Mixaria, não? Justo, não é mesmo?
Não!
E por que não? Porque não é preciso ser tão gênio quanto Doria para compreender que a esmagadora maioria a utilizar espaços em cemitérios públicos é formada por gente pobre, às vezes miserável.
Esses R$ 600, divididos por 12, por exemplo, representam menos R$ 50,00 por mês na renda familiar de pessoas já em situação de penúria. Num contexto absurdo de desemprego, flagelos sociais, fome, desesperança, agonia e incerteza, o cidadão terá condições de substituir o que lhe garante a subsistência para dar suporte à dignidade póstuma dos parentes que já se foram?
Mas Doria é do bem. Doria é do povo. Doria é, definitivamente, uma liderança generosa. Tão prestativa que, de antemão, criou alternativa aos que não tenham, eventualmente, condições de custear a manutenção de jazigos e afins: enterrar os pobres na vertical, de pé!
Olha aí que maravilha: com isso, o tucano junta a fome com a vontade de comer. Arrecada de quem tem condições de pagar; abre espaço nos cemitérios ‘plantando’ pessoas e ainda posa de bom moço e visionário perante a opinião pública.
A medida só não serviria, com a mais absoluta certeza, à senhora Maria Sylvia Vieira de Moraes Dias e muito menos a João Agripino da Costa Doria, o Doria pai, provavelmente descansando o sono dos justos de maneira respeitosa, à horizontal, do jeito que deve ser de acordo com a nossa cultura.
Joãozinho com certeza não teria condições emocionais de vê-los cravados em terra como se fossem batatas.
Ah, no Estado de São Paulo em si não é novidade: existem cemitérios verticais. E olha, aparentemente fazem sucesso. Em 2013, pra se ter ideia, havia 600 corpos – a grande maioria formada por orientais – sepultados em Suzano, onde há um deles. Cemitério vertical é comum no Japão e é ecologicamente correto, porém absolutamente nada a ver com o que o peessedebista quer fazer na capital paulistana implementando modelo de enterro segmentado já que escancaradamente direcionado a cidadãos de baixa renda.
Daqui a pouco, em mais um de seus brilhantes estalos, é capaz de sugerir a abertura de uma grande e funda cova – que nunca fecha – para empilhar o proletariado que não lhe rende dividendos políticos e muito menos econômicos.
Autor / Fonte: Vinicius Canova
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