Porto Velho, RO – Os últimos acontecimentos político-sociais em Rondônia denotam que o governador Daniel Pereira (PSB) anda na corda bamba se equilibrando entre seus próprios conceitos de Administração Pública e as exigências daqueles que podem promover ou frear a governabilidade.
Empossado no dia 06 de abril pela Assembleia Legislativa (ALE/RO), há praticamente um mês, Pereira tem pela frente outros 210 dias para deixar sua marca como chefe do Executivo – tanto a fim de não ser registrado na história como uma espécie de João Cahúlla cuja gestão fora insípida, inodora e incolor ao substituir o ex-governador Ivo Cassol, hoje senador pelo PP, quanto no intuito de continuar a vislumbrar no horizonte a possibilidade de reeleição, caso seja mesmo candidato a ficar no Palácio Rio Madeira este ano.
A tarefa não é fácil.
Embora o sucessor de Confúcio Moura (MDB) tenha sido ativíssimo enquanto vice, se distanciando da marca registrada por muitos agentes públicos que usufruíram do cargo apenas para compor paisagens como souvenirs em fotografias e colher os dividendos mensais nos contracheques polpudos conferidos pela função, há, diante dele, o fator coalizão.
Em maio do ano passado – exatamente um ano atrás – Daniel Pereira participou, ainda como vice-governador, da seção RD Entrevista declarando abertamente ao Rondônia Dinâmica suas convicções e ideais; entre eles, se postou como um político de esquerda, de peito aberto, à época em que o Brasil já atravessava a ascendência da crise de polarização política.
RELEMBRE
RD Entrevista – Daniel Pereira, a personificação de uma nova esquerda no Governo de Rondônia
“Eu sou um político de esquerda! O que me fez militar no PT foi e ainda é acreditar na possibilidade e na necessidade de trabalhar buscando melhorias para a população. É o sentimento que tenho até hoje. A mesma garra que tenho como vice-governador é a garra que tive quando fui vereador pelo PT, trabalhando nessa função durante oito anos”, declarou à ocasião.
Já agora, na contemporaneidade e na condição de governador, as convicções de Daniel foram colocadas contra a parede quando se viu praticamente obrigado – e à base de muita pressão conservadora e pretensiosamente aristocrática – a remar contra aquilo que sempre defendeu e acreditou; isto, claro, para colher a confiança e a credibilidade de uma casta que, quer queira quer não, detém parte extremamente significativa do monopólio de seu destino enquanto mandatário.
Pereira sabe muito bem quais são as consequências se não rezar pela cartilha em questão.
Se há nele ainda alguma vontade progressista esta é, com certeza, completamente anulada por um ímpeto social retrógrado que emula, em 2018, pleno século XXI, a hierarquia feudal reproduzida aqui mesmo em Rondônia pela soberania de um novo e remodelado clero.
Poderosos e influentes, os membros do novo clero se juntam ou até confundem-se com a nobreza, os senhores feudais de hoje, e, repetindo a história de uma maneira desastrosa e lamentável, voltam a fustigar dos servos da gleba à vassalagem.
E a sociedade encarna, a partir daí, o mesmo povo de outrora ainda explorado e açoitado por tributos e impostos – sempre andando para trás. Daniel Pereira demonstrará, quando sair da encruzilhada, se o conceito de separação entre religião e Estado existe mesmo na prática ou se é só um engodo teórico a alimentar livros e a subsequente utopia de quem os lê.
Autor / Fonte: Rondoniadinamica
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