Porto Velho, RO – A política é, acima de tudo, a arte de manter as aparências. E o grande mestre na disciplina específica é o governador de Rondônia Confúcio Moura, do MDB. As relações de Moura com o presidente da Assembleia Legislativa (ALE/RO) Maurão de Carvalho, da mesma sigla, sempre foram de cordialidade – superficialmente –, mas de ríspidas investidas mútuas tanto por ofensiva quanto por omissão.
O chefe do Executivo jamais demonstrou interesse e muito menos iniciativa na hora de apoiar a pré-candidatura de Maurão à sucessão; logo, obviamente, deixou o parlamentar indignado – principalmente pelo fato de ser sustentado por maioria esmagadora dentro das hostes emedebistas.
Por isso acabou eclodindo o vergonhoso episódio dos áudios clandestinos vazados, onde se extraiu que o deputado Jesuíno Boabaid (PMN) aconselhava logisticamente Maurão de Caravalho no intuito de devolver, de maneira não republicana, diga-se de passagem, a rasteira que Confúcio havia aplicado – e ainda aplica indiretamente negligenciando-o – no presidente da ALE/RO.
Confúcio bem que tentou sair como alvo de arapuca, mas como explorar isso sem antes explicar as súbitas mudanças que ele mesmo havia promovido tanto ao Comando-Geral da Polícia Militar quanto no Departamento de Estradas de Rodagem de Rondônia (DER/RO) em menos de uma semana? Constranger homens públicos como o respeitado coronel Mauro Ronaldo Flores Corrêa e o conceituado engenheiro Josafá Piauhy Marreiro denota um panorama em que certamente não há vítimas.
Pouco depois de todo o imbróglio político, caos nas relações com o vice Daniel Pereira (PSB) e o confronto iminente com Maurão, Confúcio, estrategista, puxou as rédeas dos ímpetos e voltou a forjar as aparências.
E o que fez? Concedeu a comenda Marechal Rondon ao Poder Legislativo. Quem recebeu? O presidente da ALE/RO. A fotografia encaminhada aos órgãos de comunicação pelo próprio Departamento de Comunicação da Assembleia expõe que o meio-sorriso de Maurão e o biquinho de birra de Confúcio ainda conservam maus sentimentos implícitos que, por conta das eleições de 2018, deverão manter-se inertes a fim de preservar a fachada. Com isso, tudo deveria voltar ao “normal”.
Mas o presidente não quer saber de amizade com Confúcio e mandou sustar os decretos do governador que intencionavam criar 11 novas áreas de preservação ambiental.
"Há 20 anos que não se criavam áreas de preservação em Rondônia e agora, de uma só vez, o Governo criou 11 reservas, sem nenhum estudo prévio. E o pior: a maior parte dessas reservas fica em terras produtivas, com títulos definitivos, com documentos e produzindo há décadas. Não tem explicação e não podemos aceitar essa medida", ressaltou Maurão.
Embora o governo tenha acionado o Judiciário para fazer valer os decretos do chefe do Executivo, a briga da Assembleia Legislativa pelo setor produtivo e pelas comunidades que residem há anos nesses locais será árdua e intransigente. Confúcio não terá mais trégua nem bandeiras brancas tremulando enquanto agir contra os interesses da população rondoniense.
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