Porto Velho, RO – Em ano de eleição tudo é possível. No início de janeiro, Rondônia Dinâmica já havia alertado que a possível CPI da Ponte, caso concretizada, não poderia ser instalada apenas ‘para inglês ver’.
Ou seja, deveria, no mínimo, alcançar seu termo chegando aos responsáveis pela trama da tentativa de desviar – supostamente – R$ 30 milhões dos cofres públicos através do engendramento de um esquema envolvendo Câmara Arbitral em Ji-Paraná e vistas grossas de procuradores autárquicos.
Após a queda de Ezequiel Neiva, agora ex-diretor do Departamento de Estrada de Rodagens (DER/RO), além dos bloqueios impostos pela Justiça de Rondônia a bens móveis, imóveis, semoventes e contas bancárias de todos os envolvidos até R$ 18,5 milhões, valor pago até agora pelo custeio irregular do realinhamento teoricamente ilegal, a CPI só teria o condão de abalar as estruturas do Palácio Rio Madeira e de quem ocupa a cadeira-mor na estrutura azulada de janelas que caem: Confúcio Moura (MDB).
Resumindo: a CPI, se instalada, não serviria para absolutamente nada senão abalroar dia após dia o Estado de Rondônia com notícias sobre depoimentos de servidores do DER/RO e demais pessoas que já foram ouvidas na ação civil pública movida pelo Ministério Público (MP/RO), mas sem a publicidade negativa que poderia gerar danos gravíssimos à imagem de qualquer gestor que seja – principalmente em ano de eleição.
Os deputados, conscientes disso, pressionaram e apareceram com assinaturas suficientes a deflagrar a comissão que seria encabeçada por Hermínio Coelho (PDT), principal – e provavelmente único – opositor do governo e do governador Confúcio.
Pronta para fazer estragos, a situação foi explanada diante do ‘frontman’ do governo, o secretário-chefe da Casa Civil Emerson Castro. Com ele, George Braga, o secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão (Sepog). Havia mais gente do Estado.
O recado era simples: ou os 300 remanescentes da Segurança Pública eram convocados, ou a CPI iria adiante.
A comemoração foi tão grande que não é preciso dizer qual foi a resposta.
Agora, há um problema: Confúcio está dando adeus à Administração Pública, por ora. Qualquer negociação travada agora, impactando ou não nas contas do Estado, cairá diretamente no colo do vice, Daniel Pereira (PSB) – prestes a assumir a titularidade do governo.
Pereira é o tipo de político preocupado com as contas do Estado e seus discursos fortíssimos no sentido de manter as rédeas dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) denotam que a coisa pode não ser tão linda quanto foi pintada. E ele não participou da reunião com os parlamentares.
Até porque para Emerson Castro e George Braga é muito fácil tirar o encargo das mãos de Confúcio e jogar para o sucessor nesta reta final de prorrogação emedebista. É matar dois coelhos com uma cajadada só: o fim da CPI da Ponte, sem reflexos negativos ao pré-candidato ao Senado Confúcio Moura e a desobrigação de arcar com o que foi pactuado. É como se pensassem: “Quando o governador sair já não é mais problema nosso”. E não será mesmo.
Entretanto, se tudo ocorrer como a Assembleia Legislativa (ALE/RO) noticiou, os deputados merecem o devido reconhecimento. CPIs não servem para nada – é histórico. Mas o fim de uma, pelo menos aqui em Rondônia, serviu para fazer justiça a 300 pessoas agoniadas que já passaram em concursos públicos e não são chamadas.
Autor / Fonte: Rondoniadinamica
Comentários