Repórter - Filha do conceituado advogado Arquilau de Paula, ex Presidente, Membro Nato Honorário e ex Conselheiro Federal da OAB e, agora, a primeira Advogada Rondoniense eleita Conselheira Federal Titular da OAB para o próximo triênio 2019/2021, Dra Franciany de Paula o que pensa sobre a Advocacia?
Franciany de Paula - A advocacia brasileira está representada exatamente pela luta de mais de um milhão de advogados e advogadas em todos os foros do Brasil, lutando pela liberdade, pela honra, pelo patrimônio, pela dignidade das pessoas. Esse é o papel do advogado. Nós temos que reforçar exatamente o respeito que a advocacia precisa ter do cidadão, que é aquele que nós representamos. O advogado exerce um papel fundamental na democracia, e na medida em que ele seja enfraquecido, que a sua atuação profissional seja desrespeitada ou, de alguma maneira, mitigada, nós estamos desrespeitando o próprio cidadão como representante.
Repórter - Na sua opinião, qual deve ser a maior preocupação da OAB?
Franciany de Paula - A Ordem deve se preocupar com um reforço das garantias da advocacia, das prerrogativas da nossa profissão. O CFOAB deve somar esforços para aprovar o projeto de lei que criminaliza o desrespeito das prerrogativas. Aí sim daremos um passo gigantesco na linha de reforçarmos cada vez mais a atividade profissional do advogado. Nós temos, infelizmente, inúmeros casos no dia a dia de desrespeito de advogado na área trabalhista, na área previdenciária, na área empresarial, na área tributária, enfim, nós vamos ter a garantia de que haja um respeito total a uma lei que já existe hoje.
Repórter - E a participação das mulheres na Advocacia?
Franciany de Paula - A mulher advogada tem necessidades essenciais e diferentes do gênero masculino. A questão está além da igualdade. É necessário que haja a perfeita compreensão sobre o vínculo existente entre a satisfação pessoal da mulher e a sua vida como operadora do Direito. Não é incomum encontrar mulheres insatisfeitas na vida pessoal em face da sobrecarga profissional como advogada, muito embora sejam excelentes profissionais que conseguem manter o patamar financeiro perene decorrente do seu trabalho. Não abro mão desta pauta no CFOAB. Vamos pontuar, junto com todos os Conselheiros e Conselheiras Federais, o enfrentamento das dificuldades com determinação, planejamento, organização e metas.
Repórter - E sobre a questão do ensino jurídico e o exame de ordem?
Franciany de Paula - o exame de ordem, legalmente previsto e chancelado pelo STF, é importante instrumento de aferição dos investimentos destinados à melhoria da qualidade dos cursos de Direito, cuja proliferação tem afetado a formação e qualificação de advogados e advogadas. Frise-se que os advogados, por força da Constituição Federal, são elementos essenciais à administração da justiça. A sociedade brasileira necessita de profissionais aptos à defesa de seus direitos mais elementares.
Repórter - A Advocacia está preparada para os avanços tecnológicos da "pós modernidade"?
Franciany de Paula - No atual cenário mercadológico dos escritórios de advocacia é preciso trabalhar os novos paradigmas, as chamadas inovações disruptivas. Para ter sucesso, os escritórios precisam romper os antigos padrões e passar a criar, inovar. É preciso que os advogados sejam protagonistas das mudanças tecnológicas dentro dos ambientes de trabalho. Há a necessidade de uma educação focada no conteúdo necessário à vida em sociedade digital. No atual cenário, o uso das recentes tecnologias no universo jurídico traz muitas e novas possibilidades: melhoria da produtividade, potencialização dos processos de trabalho, além de ferramentas que simplificam determinadas tarefas. Não é uma transição fácil.
Repórter - O que a senhora acha das propostas que pretendem submeter a OAB ao controle externo, por órgãos como o TCU?
Franciany de Paula - O controle externo da Ordem foi proposto na ditadura militar. O maior defensor da independência administrativa da OAB se chama Raymundo Faoro, nome histórico da nossa entidade, um dos maiores presidentes da entidade. E por que Raymundo Faoro era defensor da nossa independência? Pela natureza da OAB. No Brasil, a Ordem não é um conselho ético e disciplinar, é a principal entidade da sociedade civil organizada. E para isso, tem que ter independência. Por isso que o Supremo, por unanimidade, entendeu que a Ordem é uma entidade sui generis, o que não significa que nós, como dirigentes da entidade, não devamos permanentemente avançar nos nossos instrumentos de transparência. Pelo contrário, devemos dar exemplo.
Repórter - Qual o cenário atual e as perspectivas para a Jovem Advocacia?
Franciany de Paula: já destacamos que a advocacia vive uma grande transformação, entre elas a transposição dos processos para o meio eletrônico. Neste ponto, entendo que a advocacia jovem vive momento ímpar, visto que têm familiaridade com o meio online, e atinge níveis de qualidade que os equipara aos advogados mais experientes. Ademais, o Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil aprovou o fim da cláusula de barreira, assim advogados com menos de cinco anos de registro na Ordem poderão assumir cargos no Sistema OAB.
Autor / Fonte: Assessoria
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