Marcos Rogério driblou a ALE/RO inteira; dívida do Beron renegociada por Confúcio é discutida em Brasília – e Zequinha inelegível

Marcos Rogério driblou a ALE/RO inteira; dívida do Beron renegociada por Confúcio é discutida em Brasília – e Zequinha inelegível

Psicologia reversa

Não importa que o deputado federal Marcos Rogério (DEM) seja, agora, alvo de críticas do parlamento estadual. Ele conseguiu o que queria e driblou a Assembleia Legislativa (ALE/RO) inteira ao deflagrar um movimento evangélico contra a aprovação do Conselho LGBTTT.

Contra a parede

Ao surgir em vídeos esculhambando deputados estaduais após a aprovação da matéria em Rondônia, Marcos Rogério tornou-se expoente de uma luta promovida pelo “cidadão de bem”; o Legislativo fora obrigado, então, a reconhecer uma patacoada regimental confessada coletivamente durante a sessão de ontem (29). Tirando incursões turísticas e passageiras ao Plenário, a grande maioria não sabe sequer o que faz por lá.

The Three Stooges

Se o rondoniense trocasse uns 15 deles agora em 2018 por  Curly, Larry e Moe seria difícil sentir a diferença.

Maniqueísmo venceu

O “chapéu” desencadeado por Rogério trouxe à tona uma visão maniqueísta da coisa; mais uma vez, tornou-se uma questão do bem contra o mal. A ALE/RO, acuada, cedeu, incluindo aí deputados que haviam se manifestado favoravelmente à criação do Conselho LGBTTT em abril. O único a se postar do mesmo jeito, demonstrando coerência, foi Lazinho da Fetagro (PT). Hermínio Coelho, do PCdoB, estava em Brasília participando de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a dívida astronômica do Beron.

Falando em Hermínio...

Ainda que seja exagerado eventualmente, Hermínio colocou Denis do Prado Netto, técnico do Tesouro Nacional, em seu devido lugar. Prado Netto discursava de forma romântica fitando os olhos de deputados e senadores garantindo que a extensão da dívida do Beron renegociada pelo ex-governador Confúcio Moura (MDB) até 2048 em valores bilionários seria algo benéfico ao Estado por conta da diminuição dos juros praticados com a diluição dos pagamentos em três décadas.

Desgraceira

Bem ao seu estilo – aclamado por uns, contestado por outros – Hermínio explanou: “Meu amigo, como é que você fala que [o acerto] é bom pra Rondônia?”. Em seguida, asseverou: “Já pagamos R$ 3 bilhões. Até 2048 vamos pagar mais R$ 7 bilhões. E aí você vem me dizer que isso é bom pra Rondônia? Pelo amor de Deus. Como é que você fala uma desgraceira dessas?”, questionou. Não se sabe, ainda, se Coelho tentará a reeleição ao Legislativo de Rondônia ou se deve encampar eventual pré-candidatura à Câmara Federal. Mas de um jeito ou de outro já sentiu o gostinho do Congresso Nacional e apresentou seu cartão de visitas.

Conselho Antiético

Se a serventia prática do Congresso Nacional em si já é questionável, imagine a de seus inúmeros organismos. Um deles não serve para absolutamente nada, é inegável. O Conselho de Ética, ou melhor dizendo, Conselho Antiético, arquivou ação contra deputado que postou boato sobre Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio de Janeiro em março deste ano. Alberto Fraga (DEM-DF) recebeu afagos dos seus colegas de parlamento e saiu ileso da postura antiética que, dentro do Conselho de Ética da Câmara, é normal e palatável.

A “ética” de MR

Marcos Rogério, que passei a chamar de “Palmatória do Mundo”, não é tão severo ao analisar o comportamento de aliados políticos. O nome dele está entre os dez deputados que pediram o arquivamento da ação contra Fraga, seu colega de partido. O deputado de Rondônia foi aos prantos quando relatou o processo de cassação contra o ex-deputado Eduardo Cunha – um dos maiores criminosos do colarinho branco que este País teve o desprazer de abrigar e bancar.

Mero mortal

Tente você, mero mortal pagador de impostos e taxas abusivas, brincar de deputado na Internet. Garanto que o peso do malhete da Justiça recairá sobre sua cabeça em caríssimas condenações tão rápido quanto um conselho corporativista destinado a proteger seus membros pode arquivar denúncias convalidando ações obscenas praticadas por congressistas aloprados.

O raio-x capenga

Óbvio que frases de efeito costumam eclodir durante campanhas eleitorais. Mas Dr. Hildon Chaves (PSDB) ganhou notoriedade ao dizer aos telespectadores durante debates travados em 2016 que detinha o “poder” de identificar criminosos com apenas dois minutos de conversa. A ‘Operação Ciranda’ deflagrada também em Porto Velho e que atingiu a Secretaria Municipal de Educação (Semed) provou de vez que o raio-x ocular do ex-promotor de Justiça está capenga, como boa parte do maquinário médico destinado à saúde pública no Brasil. É bom lembrar que o atual prefeito não tem nada a ver com a operação.

“O Espectador” avisou

Esta coluna avisou que o julgamento da apelação criminal apresentada pelo vereador de Porto Velho Zequinha Araújo (MDB) ao Tribunal de Justiça (TJ/RO) estava pautado e que, caso confirmada a decisão de primeiro grau, o emedebista estaria fora das eleições 2018 barrado pela Lei da Ficha Limpa. 

TJ-RO confirma penalidade de vereador  Zequinha Araújo por desvio de dinheiro para fins particulares

Ficha Suja

Os desembargadores confirmaram hoje a condenação do vereador, ex-deputado estadual; com isso, Araújo ingressa às fileiras dos políticos fichas sujas após a publicação do acórdão no Diário Oficial, mas o lapso temporal é questão burocrática e seu novo status está definido desde já. Ah, sim, os magistrados impuseram pena de dois anos e três meses de reclusão pelo crime de peculato, além de multa. 

RELEMBRE
TJ/RO julga apelação de Zequinha Araújo, condenado a 2,6 anos de reclusão; e mistérios rondam acordo supostamente proposto pela SAE para acabar com ação milionária

Cumprimento retardado

Pois bem... Como cometeu um crime e a sentença de Zequinha fora confirmada em segunda instância, pela analogia ao caso Lula o leitor poderia imaginar o cumprimento de pena agora mesmo, sem delongas. Todavia, a reclusão fora substituída por duas penas restritivas de direitos e como ainda cabe a interposição de eventuais embargos de declaração, é necessário aguardar o julgamento desse recurso. Ainda em relação à pena alternativa aplicada ao vereador, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem entendimento que não cabe a execução provisória da pena.

ENTENDA
Pena restritiva de direitos não pode ter execução antecipada, diz STJ

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Autor / Fonte: Vinicius Canova / O Espectador

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