Marielle está viva, por Professor Nazareno

Marielle está viva, por Professor Nazareno

Fez um ano que a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco do PSOL e seu motorista Anderson Souza foram fuzilados. Faz um ano que ela não sai do noticiário e também das fofocas das redes sociais. Desconhecida do grande público até o seu trágico fim, o nome da vereadora covardemente assassinada cruzou fronteiras e hoje ela já é praticamente uma cidadã do mundo. Fala-se que será nome de rua em Paris e também nome de uma estação de metrô em Buenos Aires na Argentina. Marielle recebe homenagens póstumas em vários lugares do mundo civilizado como na Europa, Nova Iorque, Tóquio, Vancouver e Sidney. Ícone de muitos protestos principalmente dos esquerdistas virou sinônimo de guerreira contra as injustiças sociais. A forma brutal como lhe ceifaram a vida, no entanto, remete o Brasil aos sombrios tempos da barbárie.

 E é justamente no Brasil que muitos festejam o seu precoce fim.Incrível, mas em nome de uma ideologia, pessoas que se dizem cristãs e seguidoras de Deus festejam alegremente a morte de outro ser humano. E agora, que seus matadores foram presos, e que dentre um deles está um vizinho do presidente Jair Bolsonaro, as coisas começam a tomar um rumo “esquisito”. Nas redes sociais não se vê outra coisa sobre a infeliz vereadora que não sejam publicações infames e covardes achincalhando o seu nome. Tenta-se inutilmente tirar-lhe o pseudônimo de heroína. Mas tudo em vão. Quanto mais falam o nome dela, mais luzes colocam sobre ele.Heroína ou não, nem ela nem nenhum outro indivíduo merecia ter sido metralhado covardemente como foi. Mariellenãoserá reconhecida no Brasil, mas no mundo civilizado o seu nome ecoará como um marco.

No seu país, entretanto, ela será morta todo dia com postagens criminosas e covardes denegrindo a sua imagem. Marielle Franco é uma heroína, sim. Ao seu tempo, ao seu modo e para os seus eleitores, parentes e amigos principalmente. Através da ONG da Maré, por exemplo, ela contribuiu para que 12 mil meninas que engravidaramna adolescência terminassem seus estudos e pudessem ter o mínimo de qualificação para arranjar um emprego e sustentar os filhos. Pode não ser heroísmo, mas contribuiu para a sustentabilidade de vidas. Além de defender pautas sociais como racismo, mulher na política e defesa dos direitos básicos. Heroína, assim como também muitas outras mulheres e homens deste injustiçado país. Pessoas sensatas deviam parar de “continuar matando”Marielle Franco nas suas conversas. Isso é pura covardia. Ela já está morta.

Num país carente de heróis, Marielle Franco foi heroína pelo menos para a sua gente e os seus poucos seguidores. O ódio que ganhou de todos os reacionários e dos “coxinhas” mesmo depois de morta, talvez vire decepção quando se descobrir a verdade que está por trás dos verdadeiros mandantes de sua execução. A alegria incontida nos seus algozes quando do seu fuzilamento demonstra claramente o tipo de sociedade em que estamos vivendo. Tomara que não haja decepções, mas a prefeita de Barcelona, Ada Colau, já mandou um recado para o “Mito”. “Preste atenção, Jair Bolonaro: Marielle, Franco, mesmo morta, vai te tirar do poder antes do que você pensa”. Será mesmo? Marielledeve ser lembrada sempre. Assim como a juíza Patrícia Acioli, a policial Kátia Sastre, as professoras Heley de Abreu e Joselita Félix, a merendeira Silmara Cristina... A lista é enorme e nenhuma delas merece ser difamada covardemente nas redes sociais.

*É Professor em Porto Velho.

Autor / Fonte: Professor Nazareno

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