Tenho visto na propaganda eleitoral para governador a empolgação do Coronel Marcos, divulgando incessantemente uma pesquisa do Ibope que o mostra já eleito com 63% dos votos e o Expedito com 37%. Ao coronel e ao incauto eleitor pode até parecer que a eleição já estaria definida, mas o Ibope é campeão de cometer erros grotescos na previsão de votos, principalmente em Rondônia. A mesma coisa vale para presidente onde Bolsonaro aparece com 57% e Haddad com 43%, o que levou o apressado capitão a “colocar a mão na faixa” cedo demais.
Para demonstrar a pouca confiabilidade do Ibope vou citar apenas dois casos, uma para prefeitura da Capital e outro para o Senado. Na eleição para prefeito de Porto Velho em 2016, na última pesquisa Ibope do primeiro turno, divulgada exatamente 48 horas antes da votação, no dia 30/09/2016, o crédulo eleitor lia na imprensa o seguinte: "Com os votos totais, os resultados da sondagem são esses: 1º Léo Moraes 24%, 2º Mauro 22%, 3% Roberto 18%, 4º Pimentel 13% e 5º Hildon 8% (veja no gráfico). Tudo divulgado com ampla repercussão na mídia e com destaque na afiliada da Rede Globo”.
Todavia, parodiando o dito popular de que “na prática a teoria é outra”, a apuração da votação mostrou que “na urna a pesquisa é outra”. O resultado oficial do TRE surpreendeu a todos e o candidato que APARECIA EM QUINTO lugar na pesquisa divulgada às vésperas da votação FICOU EM PRIMEIRO lugar. Convenhamos, um erro gigantesco!
Mas esse foi apena um dos inúmeros erros graves do Ibope em Rondônia, que teve vários outros gritantes, como em 2002 quando a Fátima Cleide aparecia na última pesquisa Ibope numa distante 6º colocação e quando saiu o resultado oficial das urnas ela estava eleita em primeiro lugar. Portanto, a definição da partida só poderá ser declarada após o “apito final do juiz”, tanto na corrida ao governo como na presidencial.
No cenário nacional a empolgação na equipe bolsonariana esfriou fortemente nas últimas horas. Até parece que o ditado “peixe morre pela boca” foi feito especialmente para a família Bolsonaro e sua equipe. Eles são campeões em dar declarações infelizes e desastradas, sendo que nesta reta final a turma está se superando.
Primeiro vazou pelas redes sociais um vídeo em que o arrogante Bolsonaro filho diz bastar apenas um soldado e um cabo para fechar o STF; depois um truculento coronel da campanha ofendeu e esculachou a presidente do TSE de tudo o que é nome feio e, em seguida, o próprio Bolsonaro, no último domingo (21), divulga um áudio assustador, transmitido ao vivo para um ato público na Av. Paulista em São Paulo, no qual, entre outras barbaridades, ele ameaça perseguir adversários e a imprensa.
Tudo isso foi uma verdadeira “facada no pé”, ops digo “tiro no pé”, pois assustou o eleitorado brasileiro, não muito afeito as atitudes belicosas e violentas, provocando mudanças muito significativas no cenário eleitoral, como na rejeição dos candidatos em que Bolsonaro aumentou 5% e Haddad despencou 6%, agora eles estão em 40% a 41%.
As assustadoras declarações do clã bolsonariano, conjugadas com outros fatores, já provocaram a virada de Haddad em São Paulo para 51% a 49%; além de uma mudança decisiva no eleitorado evangélico, onde as intenções de voto em Bolsonaro despencaram 16% e as de Haddad subiram 6%. Tudo isso mostra um movimento de virada do Haddad nesta retal final do segundo turno.
* Itamar Ferreira é bancário, sindicalista, formado em administração de empresas, pós-graduado em metodologia do ensino e advogado.
Autor / Fonte: Itamar Ferreira
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