Se a história constatar-se exatamente do jeito que foi contada, alguém ainda terá dúvidas sobre o quão longe a maldade das pessoas pode chegar?
Porto Velho, RO – Quando nos deparamos com histórias sobre agressão, maus-tratos, abandono, assassinato e tortura de animais, geralmente as notícias correm soltas e a revolta se generaliza, principalmente agora com o advento das redes sociais propagando informações verdadeiras e falsas na velocidade da luz, com a mesma intensidade de profusão.
Por outro lado, é natural que exista a horda da resistência que, num ímpeto filosófico pretensiosamente recheado de senso de proporção, questiona os insurgentes sobre o porquê de suas posturas críticas quando o assunto é a proteção dos bichos em detrimento à perda da vida humana, que se esvai a esmo diariamente.
Esse grupo assume de maneira arriscada a tradução literal da concepção apresentada por milhões de pessoas, como se todas elas, unidas talvez por uma identidade panteística, estivessem dispostas a reduzir a importância sobre a vida humana enquanto protestam contra a bárbarie praticada contra outras espécies.
Este questionamento, a meu ver, está equivocado em termos de intenção; a ideia, pelo que se extrai dessas débeis provocações sem sentido, é tentar escavocar hipocrisia e encontrar contradições tal qual um garimpeiro afogueado pela simples expectativa de se deparar com pedras preciosas numa jazida de diamantes.
De fato, um exercício livre de futilidade argumentativa.
E esses embates doentios geralmente travados exclusivamente na esfera virtual são rigorosamente a porta de entrada da banalidade do mal.
“Isso é importante, aquilo não é”, ou “se você não se importa o bastante para falar disso, também não pode falar daquilo”.
Quando soube da história sobre o cachorro abandonado, envenenado e morto a pauladas no estacionamento do Carrefour de Oscasco, crueldade supostamente perpetrada por um segurança do mercado a mando de superiores, senti na hora angústia e sofrimento ímpares, como se tivesse perdido a Sophia, a vira-lata que adotei em 2011 e está conosco até hoje.
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Chegaremos ao fundo do poço e à beira do calapso, caso a narrativa seja comprovada, e sim, é necessário aguardar todo o trâmite investigatório para apontar culpados e exigir punições rigorosas, inclusive ao Carrefour – se for o caso.
Se chegarmos a isso, não tem jeito. Quando alguém se dispõe a massacrar um pobre animal abandonado só para evitar que os seus patrões o vejam no perímetro do estabelecimento, acabou pra esse sujeito, não sobrou nada, só paredes opacas de psicopatia delimitando sua existência vazia, covarde, precária e completamente descartável.
É o verdadeiro grito estridente da bestialidade humana.
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Nota à imprensa
O Carrefour reconhece que um grave problema ocorreu em nossa loja de Osasco. A empresa não vai se eximir de sua responsabilidade. Estamos tristes com a morte desse animal. Somos os maiores interessados para que todos os fatos sejam esclarecidos. Por isso, aguardamos que as autoridades concluam rapidamente as investigações. Desde o início da apuração, o funcionário de empresa terceirizada foi afastado. Qualquer que seja a conclusão do inquérito, estamos inteiramente comprometidos em dar uma resposta a todos. Queremos informar também que estamos recebendo sugestões de várias entidades e ONGS ligadas à causa que vão nos auxiliar na construção de uma nova política para a proteção e defesa dos animais.
Obrigada
Abraços,
Anna Alves, relações públicas
Autor / Fonte: Vinicius Canova
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