Em junho de 2016 estive na pequeníssima Abadiânia, Goiás, buscando a resolução para os meus problemas na Casa de Dom Inácio de Loyola. Eu encontrei o que procurava?
Porto Velho, RO – O ano de 2016 foi um período bastante emblemático na minha vida, verdadeiro divisor de águas entre o que eu achava que sabia e a certeza consciente e absoluta de não saber nada.
E quando eu digo nada, é nada mesmo!
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No final de 2015 eu peguei minhas coisas, entrei no carro junto com meu tio Carlos Eduardo Pires, o Kiko, que estava aqui de férias, e dirigi de Porto Velho, Rondônia, rumo à cidade de Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Três mil quilômetros e meio de estrada em cinco dias para um trecho que levaria no máximo um pouco mais de 48 horas numa viagem sem pausas e em velocidade constante.
Por que a demora, então? Primeiro, porque sou cagão e não ando a mais de 120 km/h nem sob tortura; depois, por não rodar à noite, e por último, mas não menos importante, pela minha total ignorância quanto ao uso do GPS à época. Ou seja, advinha só quem se perdeu em Cuiabá e levou horas pra sair de lá?
Pois é.
Meu roteiro no Rio Grande do Sul tinha a intenção de me ajudar a encontrar respostas para um problema de saúde bastante complexo o mais rápido possível. E o que seria uma curta estadia bimestral durou longos seis meses.
Conforme os dias passavam e as repostas não apareciam, embora estivesse batendo regularmente na porta das melhores clínicas que o Bradesco Saúde tinha o poder de cobrir, além dos mais conceituados laboratórios e instituições de diagnóstico por imagem, minhas condições físicas e mentais pioravam na mesma cadência de duas voltas completas num relógio de ponteiros.
Fiquei esse período todo hospedado de graça, diga-se de passagem, no apartamento de Tânia Maria Möllmann, prima da minha mãe que, por conta do carinho, devoção e amor dispendidos a mim desde a mais tenra infância, sempre considerei como tia.
Deprimido, angustiado e louco pra voltar ao meu lar, já chegando ao final de minha jornada vazia, usava a internet compulsivamente buscando alternativas e tentando achar patologias de ordem neurológica e doenças genéticas que eventualmente pudessem se encaixar às características dos meus sintomas.
Também falhei miseravelmente nisso.
Paralelamente, eu, um ateu não-militante, passei a assistir vídeos sobre curas milagrosas realizadas através do espiritismo. Conforme minha desestruturação psicológica avançava, mais suscetível e vulnerável ficava diante da possibilidade de achar a solução no transcendental.
Numa dessas diligências no YouTube acabei me deparando com um sujeito que atraía gente de tudo quanto é canto do mundo para um município minúsculo de Goiás, a pequeniníssima Abadiânia, em busca da restauração.
O grandalhão que raspava olhos com bisturi e fazia incisões aleatórias em pessoas distintas era João Teixeira de Faria, o João de Deus, ou, como chamam os gringos, John of God. Hoje, ele é acusado de abusar sexualmente de pelo menos 15 mulheres.
Sem saber dessas questões, obviamente, até porque estou retratando eventos de dois anos atrás, nutria em meus pensamentos à ocasião:
– Ah, eu preciso vê-lo!
E fui.
CONTINUA NA PARTE II
Autor / Fonte: Vinicius Canova
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