A Polícia Civil do Rio investiga se um dos chefes do grupo que entrou em guerra há uma semana na Rocinha voltou à favela na manhã deste sábado (23).
Segundo as investigações, Rogério Avelino, conhecido como Rogério 157, teria embarcado em um táxi no Jardim Botânico, zona sul do Rio, fez o motorista refém e seguiu com outros três comparsas em direção à Rocinha, em São Conrado.
O objetivo seria usar o táxi para despistar os policiais e furar bloqueios de militares nos acessos à favela.
Após conseguir passar por duas barreiras, o veículo teria sido abordado por policiais em uma das entradas da Rocinha.
Houve troca de tiros. O motorista relatou que teve que se jogar do carro em movimento para fugir dos disparos. Os suspeitos conseguiram fugir, mas deixaram parte de suas armas no carro.
O delegado da 11a DP (Rocinha), Antônio Ricardo Lima, declarou na noite deste sábado que o relato do motorista está de acordo com as investigações, de que o chefe do bando teria voltado à favela.
Não há informações, contudo, de quando ele teria deixado a Rocinha. Acreditava-se até então que Rogério 157 estaria junto de comparsas escondido na mata ou em casas no morro.
De acordo com o delegado, o criminoso estaria em constante deslocamento para evitar ser encontrado. "Ele está sufocado. A prisão dele pode acontecer a qualquer momento".
A guerra pelo controle da Rocinha envolve os traficantes Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em 2010, e seu sucessor no comando, Rogério Avelino, o Rogério 157.
Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério, que passou a cobrar os moradores por serviços como água e mototáxi. Determinou a invasão de dentro de presídio federal em Rondônia, com apoio de criminosos da facção ADA (Amigo dos Amigos), a segunda maior do Rio. Rogério foi reforçado por bandidos do CV (Comando Vermelho).
TIROTEIOS
O cerco realizado pelas Forças Armadas não interrompeu a troca de tiros na favela da Rocinha. Disparos foram registrados na madrugada e no início da tarde na comunidade, que há uma semana é palco de conflito de traficantes.
Confrontos, com três mortes, também ocorreram à tarde em locais do outro lado da Floresta da Tijuca, que circunda a Rocinha e é usada pelos bandidos como esconderijo e rota de fuga.
A Polícia Militar trocou tiros com suspeitos em pontos do Alto da Boa Vista, Tijuca e Santa Teresa. Nos dois primeiros casos, a Polícia Civil confirmou a suspeita de vínculo com os conflitos na Rocinha.
No Alto da Boa Vista, dois homens foram mortos e dois, presos, segundo a Polícia Civil. Foram apreendidos dois fuzis. Uma criança de 13 anos foi baleada e levada para o Hospital Souza Aguiar.
Na sexta-feira, os tiroteios levaram a polícia a fechar, por quatro horas, a autoestrada Lagoa-Barra, principal via de ligação entre as zonas sul e oeste da cidade, onde está sendo realizado o Rock in Rio.
Houve trocas de tiros também em ao menos outras sete comunidades do Rio. A onda de violência gerou uma série de boatos e espalhou a sensação de insegurança pela população, com fechamento de escolas, postos de saúde e comércio.Após operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais) na Rocinha de manhã, para buscar suspeitos de participar da guerra entre facções, houve confronto.
Às 8h, um grupo ateou fogo em um ônibus na avenida Niemeyer, em São Conrado. Uma granada foi lançada em direção a um carro policial, mas o artefato não explodiu. Luciano Monteiro Marques, 41, morador da comunidade, foi baleado e hospitalizado.
Com o agravamento da situação, o governo do Rio decidiu pedir a ajuda para as Forças Armadas cercarem a Rocinha, liberando a polícia para atuar dentro da favela. O reforço começou a chegar às 15h30, com 14 blindados.
A Polícia Civil também decidiu entrar com pedido no plantão judiciário de mandados coletivos de busca e apreensão para regiões da favela. O objetivo é que os policiais possam entrar em casas da Rocinha com respaldo judicial.
A medida, que é criticada por órgãos de defesa dos direitos humanos, já foi utilizada na favela do Jacarezinho, zona norte, em agosto.
O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, disse que a topografia da região e as armas pesadas dos criminosos dificultavam a ação policial, mas evitou demonstrar alarmismo. "O Rio não está em guerra. O Rio tem uma situação de violência urbana difícil, como no resto do Brasil". Com informações da Folhapress.
Autor / Fonte: Notícias ao Minuto
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