Desejamos um ano de reencontro com as virtudes morais; desapego à vaidade intelectual e retorno às mesas sadias de discussão
Porto Velho, RO – “Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir”.
Pouco antes de a tuberculose vencê-lo, o jornalista britânico Eric Arthur Blair, que você conhece pelo pseudônimo George Orwell, registrou a frase de abertura deste artigo na obra-prima 1984, um livro essencial à humanidade.
Ela vai de encontro à assertiva semelhante atribuída erroneamente a Orwell, mas que, de fato, foi cunhada pelo empresário norte-americano William Randolph Hearst, que inspirou o protagonista de Cidadão Kane (1941), dirigido, escrito, produzido e estrelado pelo genialíssimo e saudoso Orson Welles.
Hearst, proprietário de uma enorme rede de jornais, costumava dizer aos seus repórteres:
“Notícia é o que alguém, em algum lugar, não quer publicada: todo o resto é propaganda”.
Essas e outras cabeças pensantes que já nos honraram com suas presenças neste combalido Planeta adiantaram, há muito, as consequências umbilicais de se falar a verdade, especialmente quando ela contrasta com concepções equivocadas conservadas por uma maioria vezes inebriada, ora ignorante.
Você, leitor (a), provavelmente sentiu, assim como todos nós do jornal eletrônico Rondônia Dinâmica, que em 2018 boa parte dos brasileiros fez questão de se divorciar da realidade, açoitar os fatos, fugir à razão, escalpelar indícios, enfim, tudo isso a fim de vomitar certezas infundadas, criar celeumas gratuitas, polarizar a política e fincar conceitos pretensiosamente absolutos encarnados em maniqueísmos chulos, rasos e obsoletos.
Uma casa, por mais bonita que seja, não para em pé se o alicerce estiver rachado, mal estruturado, quebradiço, constantemente em ruínas. Pode manter-se desengonçada por décadas, mas um dia cai.
O mesmo acontece com uma República nova em folha erigida à base de mentiras; a roupagem pode ser maravilhosa, só que a fundação está corrompida, prestes, desde já, a colapsar.
Não existe ideologia, ou lado, que seja, capaz de se sustentar escapando ao que preconiza a Constituição Federal de 88 acerca das liberdades de expressão e de imprensa.
Entretanto, e isso também é uma autocrítica, esses direitos precisam carregar consigo o dever dos profissionais de apurar muito bem as informações antes de repassá-las. Assim como deveria ser obrigação legal, e não é, sabemos, de todo cidadão que se preze antes de contribuir com a metástase do câncer mais danoso à sociedade em termos de democracia quando usa as redes sociais: a proliferação maciça de notícias falsas, as fake news.
No ano que se inicia amanhã, 1º de janeiro de 2019, talvez fosse prudente recorrer às correntes embrionárias da filosofia, como, por exemplo, a maiêutica socrática: “Conheça-te a ti mesmo!”.
É possível que tenhamos de relembrar pouco a pouco e exercendo paulatinamente na prática todos os caminhos das virtudes morais – começando do zero.
O debate de ideias deve voltar às mesas de discussões sadias; contrapontos devem ser vistos meramente como expressão de divergência, não como estopim para guerras retóricas, e o objetivo da dialética precisa voltar à busca incessante pelo denominador comum, não pela razão acima de tudo.
Desejamos, portanto, um ano mais honesto, de coragem, conhecimento e integração.
Saúde, paz e toda a felicidade do mundo. São os votos de toda a equipe do jornal eletrônico Rondônia Dinâmica.
Seja bem-vindo, 2019!
Autor / Fonte: Rondoniadinamica
Comentários