Por Rondoniadinamica
Publicada em 18/05/2019 às 10h14
Porto Velho, RO – Há oito anos, quando o promotor Héverton Aguiar assumiu o cargo de procurador-geral de Justiça, o sono dos bandidos do colarinho branco nunca mais foi o mesmo.
De 2011 a 2015, foram 17 operações deflagradas pelo Ministério Público de Rondônia (MP/RO) com a intenção de desbaratar grupos criminosos enfurnados em todos os Poderes do Estado.
De fato, o golpe contra a corrupção foi tão forte que o zelo tomou conta tanto das hostes legislativas quanto executivas; seus membros, daquela época para cá, passaram a ser mais vigilantes.
E se o ímpeto ilícito outrora era a veia regente da política regional, hoje, aprisionado, separa o que já foi uma verdadeira farra coletiva sem amarras dos pequenos flocos de libertinagem observados aqui e ali atualmente.
Ainda assim, não há ser humano vivo em sã consciência capaz de dizer – e consequentemente acreditar em si mesmo quanto a isso –, que alcançamos a utopia enquanto sociedade.
Em maio de 2017, Aguiar concedeu entrevista exclusiva ao jornal eletrônico Rondônia Dinâmica, onde, entre inúmeros outros pontos abordados, sacramentou:
“A corrupção precisa de um combate permanente. Ela tem uma capacidade regenerativa extraordinária. Você combate a corrupção, corta aquele eixo criminoso e, se não ficar vigilante, ele se regenera. Não creio que se tenha exterminado isso”.
RELEMBRE
RD Entrevista – Héverton Aguiar, a possibilidade de mais um homem da lei na política
Além da capacidade regenerativa aventada pelo promotor de Justiça responsável por incursões como, por exemplo, as operações Termópilas, Ludus, Plateias e Zagreu, existe, paralelamente, uma característica darwinista relacionada a corruptos e corruptores: a adaptação.
Talvez o sucessor Airton Pedro Marin Filho não tenha se atinado à questão – infelizmente.
É preciso frisar, obviamente, que o MP/RO não vive apenas de ações civis públicas de improbidade administrativa nem muito menos exclusivamente do combate ao crime organizado.
Marin Filho, um gestor mais contido, diga-se de passagem, optou, nestas áreas, pela política da boa vizinhança. Se o padrão de diligência foi mantido, a transparência, marca da administração Héverton Aguiar, deixou a desejar.
Ficou, neste aspecto exclusivo, a sensação de que a corrupção em Rondônia simplesmente acabou – e isso não traduz a realidade.
Mas o último ex-procurador-geral cumpriu muito bem as suas funções; trouxe à tona o melhor de si e corroborou sobremaneira com o aprimoramento logístico do órgão, embora, pelo menos a quem vê de fora, não tenha usado esse aparato avançado em toda a sua extensão para tirar as ervas daninhas do gramado.
E essa concepção nos leva à missão principal do novo procurador-geral de Justiça, Aluildo Oliveira Leite, empossado pelo Colégio de Procuradores de Justiça do Ministério Público do Estado de Rondônia na última sexta-feira (17).
E ela é muito simples: cumprir o que prometeu, só isso.
Oliveira Leite afirmou que seu projeto de administração para o biênio 2019/2021 será priorizar o combate à corrupção e às organizações criminosas.
Poderia começar cobrando celeridade a respeito dos desdobramentos da Operação Zagreu, deflagrada há quatro anos e cinco meses, mas que, até agora, e acredite o (a) leitor (a) se quiser, não fora oferecida a devida denúncia pelo órgão.
Aluildo Oliveira apresentaria um excepcional cartão de visitas se cobrasse de seus ora comandados a diligência necessária a fim de evitar, lá adiante, que opere o fenômeno jurídico da prescrição de diversos tipos penais atribuídos aos investigados.
Medidas como essa podem contribuir para que o combate efetivo da corrupção não seja de perfumaria.
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