Por Vinicius Canova
Publicada em 09/07/2019 às 10h10
Porto Velho, RO – O governador de Rondônia Coronel Marcos Rocha, do PSL, teve um primeiro semestre de administração bastante atribulado. Deu os primeiros passos no Palácio Rio Madeira governando de costas à Assembleia Legislativa (ALE/RO), compreendendo, para tanto, que o mandato para o qual fora eleito pela maioria esmagadora da população no segundo turno de 2018 seria suficiente.
Enganou-se.
Mas, para fazer justiça, sejamos honestos, é fácil equivocar-se quando se é marinheiro de primeira viagem.
O sujeito oculto encartado às sombras da República Presidencialista é uma entidade simbiótica bastante contundente e tão poderosa quanto a caneta do chefe do Poder Executivo imagina ser. Estou falando, obviamente, do Parlamentarismo encarnado pretensiosamente à imagem e semelhança do transcendental onipotente.
Com uma imprensa regional de conhecimento bastante questionável quando o assunto são as leis, especialmente em referência à Constituição Estadual, esta que o próprio governador parecia desconhecer no início de sua gestão, foi fácil para Marcos Rocha patinar numa pista de gelo rachada fingindo tranquilidade diante do prematuro pedido de impeachment protocolado pelo advogado Caetano Neto.
De lá para cá, algo mudou drasticamente: o “abre-te, Sésamo” passou a delinear a relação ora sinérgica entre os dois Poderes.
Ainda tímido, reservado basicamente às próprias publicações em seu perfil no Facebook e exposições institucionais no site do governo, Marcos Rocha leva consigo a titulação mais popular do autor tcheco Milan Kundera, embora o enredo da obra não tenha nada a ver com isso.
A insustentável leveza do governo Marcos Rocha se deve, inegavelmente, às rusgas iniciais esvisceradas pelo pedido de impeachment apresentado por Caetano Neto.
O liberal jamais se dará conta da dívida que tem com o advogado, logo o (a) leitor (a) que não espere um aperto de mãos amistoso entre os dois; Medalha Marechal Rondon, então, nem pensar.
Só que a paz também tem um preço, assim como tudo na vida. O ônus desse tapete vermelho estendido é não ter mais condições de usufruir, eventualmente, claro, da desculpa do engessamento administrativo patrocinado pela Casa de Leis em caso de falha absoluta.