Por Vinicius Canova
Publicada em 23/07/2019 às 15h52
Porto Velho, RO – Themenson (às vezes aparece em documentos sem o “h”) Gabriel Barbosa de Oliveira tem um daqueles cargos de confiança no governo tanto quanto segmentados e de incumbências nebulosas. Na gestão Coronel Marcos Rocha, do PSL, assumiu, com a benção do militar, obviamente, o ofício de coordenador de Políticas para a Juventude.
O cargo comissionado tem vínculo direto com a Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), hoje comandada por Jobson Bandeira dos Santos, chefe imediato do menino Gabriel Barbosa, e em posição hierárquica abaixo apenas do mandatário-mor do Palácio Rio Madeira.
A grande maioria da população não faz a mínima ideia sobre qual seja a função específica desempenhada atualmente pelo coordenador juvenil; no entanto, para se ter ideia, o subsídio dele percebido em decorrência da função – em valores brutos – chega perto de uns seis salários mínimos em valores contemporâneos. É o que diz seu contracheque de junho, pelo menos.
Vou repetir: é provável que você, leitor (a), não faça a mínima ideia do que signifique o ofício de coordenador de Políticas para a Juventude. Mesmo assim, é até compreensível que não esteja a par. Por outro lado, todos nós sabemos o que faz um enfermeiro, não? Hoje, um desses profissionais imprescindíveis à manutenção da vida, auxiliares de primeira hora da medicina, operadores concisos e primordiais a serviço da dignidade humana, recebe pouco menos de R$ 3,2 mil brutos, mensalmente, por um contrato de 40 horas semanais. Mas você sabe o que um enfermeiro faz, não sabe?
Gabriel, o coordenador da Juventude de Marcos Rocha, vive uma vida privada dentro do Estado. E é por isso que nem você nem eu sabemos exatamente os motivos pelos quais ele recebe R$ 5,7 mil por mês na gestão conservadora iniciada em 2019.
Barbosa é um menino traquinas, como minha avó costumava dizer. Ah, minha saudosa vó Geny. Que saudades...
Espevitado, um pouco afobado e tanto quanto fora da realidade, saiu por aí ofendendo uma pessoa específica na Internet e já se enrolou com a Justiça. Justiça Criminal, para efeitos de informação, viu?
Mas não foi condenado. Conseguiu fazer um acordo e se safou perdendo um naco desse salário pomposo a fim de custear os efeitos da transação penal.
Tecnicamente, quem está pagando a travessura do garoto é o contribuinte, mais conhecido como você que está lendo este texto agora. Pense nisso...
Porém, como ia dizendo, Barbosa gosta de aprontar. E aprontou de novo na última segunda-feira, 22, quando expulsou Poliana Maiara, coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) de um grupo de WhatsApp onde uma galera discutia as diretrizes para a 4ª Conferência Estadual da Juventude.
As pautas do evento são públicas. Agora, se o Gabriel vai deixar você participar, aí são outros quinhentos...
Maiara fez uma crítica às conversas no grupo, que, na visão dela, tinham o condão exclusivo de obter curtidas no Instagram, prosas cujos objetivos estavam muito distantes do fomento a políticas públicas à juventude, objetivo tecnicamente encartado à missão coletivamente desconhecida empunhada por Gabriel Barbosa.
Ele se apropriou da Conferência Estadual da Juventude, como se, relembrando o personagem Quico, do seriado Chaves, levasse a bola para casa deixando os colegas sem brincar.
De fato, é um menino levado com mimos salariais inequivocamente elevados – e até sem explicação: e não estou colocando as diárias na fatura. Aliás, seria interessante se o jovem expusesse espontaneamente suas credenciais acadêmicas e curriculares como cartão de visitas técnico a fim, inclusive, de aplacar as críticas quando ocorrerem. Assim, nunca mais terá de expulsar alguém do debate público, não é mesmo? Muito mais fácil, a meu modesto sentir. Até porque se eu posso apontar uma injustiça sua, posso, da mesma maneira, reconhecer as minhas, se for o caso.
Agora, resta saber se papai e titio, ou seja, Marcos Rocha e Jobson Bandeira, irão cortar a mesada do coordenador rabiscado à semelhança dos traços mais trelosos de Ziraldo, ou, no mínimo, puxar suas orelhas como efeito pedagógico ainda típico da ascendência familiar.
Biel, é pra deixar os amiguinhos brincar, viu?