Por Vinicius Canova
Publicada em 16/07/2019 às 16h39
Porto Velho, RO – Antes de iniciar o ponto vital deste artigo é preciso levantar uma reflexão: se o atual presidente da República Jair Bolsonaro, do PSL, não existisse, ou se pelo menos não existisse como figura tão popular como já foi seu status em suas primeiras duas décadas de vida pública, teríamos Coronel Marcos Rocha, do mesmo partido, como governador?
Leve em conta que a vitória em Rondônia foi conquistada por uma chapa puro sangue formalizada com o milionário José Atílio Salazar Martins, o Zé Jodan.
E os correligionários de ambos, Coronel Chrisóstomo e Eyder Brasil, seriam, respectivamente, deputados federal e estadual?
A resposta para todas as perguntas acima é: provavelmente não. Provavelmente, claro, porque este colunista não é esotérico nem tem condições físicas de excursionar todas as versões de realidade possíveis no multiverso.
Aliás, acho que o liberal mais inflamado não teria arcabouço argumentativo para negar que a figura de Jair Messias só ganhou o Brasil porque levou debaixo do braço direito um PT cambaleante como muleta, coisa que faz até hoje.
Calma.
Eu não critiquei o presidente – ainda. Guarde, por ora, seu arsenal de ofensas à minha mãe e segure seu dinheiro: não quero ir pra Cuba nem à Venezuela. Ah, não: espera! Se for pra conhecer o caribe com tudo pago, aceito, com carinho e gratidão, passagens aéreas de ida e volta à Ilha de Margarita. Beleza? Beleza, então.
Prossigamos.
No ano que vem, os cidadãos de Porto Velho e de todos os outros municípios do País irão às urnas reconduzir atuais prefeitos e vereadores ou rechaçá-los, naturalmente. É um processo cíclico e ainda obrigatório.
E se a tendência de 2018 projetar-se da mesma maneira na Capital, o resultado pode ser adiantado desde agora, oras. Mesmo que Vinícius Miguel tenha dado uma surra de votos em Marcos Rocha no primeiro turno, e Expedito Júnior levado um couro do militar no segundo, isto em Porto Velho, claro, o debate político saudável vem sendo reiteradamente vilipendiado, minado, e hoje é quase inexistente.
Esse cerceamento de ideias é algo absurdamente tóxico para qualquer democracia e facilita a ascensão do discurso vazio ao Poder.
Aqui na cidade das Três Caixas D’Água, por exemplo, a esquerda está minguada: seus expoentes, idem. Muitos orbitam os palácios e se alimentam na mesma mesa institucional da direita enquanto os eleitores dos dois lados discutem o sexo dos anjos e tentam descobrir quem de fato está certo. Não são todos. Mas repito: há muitos deles.
Só que a convenção dura até o pleito, não passa daí. E aí a vantagem está com a direita: enquanto o socialista esconde-se no armário a fim de evitar a fadiga, um único discurso ecoa por aí em todos os recôncavos, incluindo bairros periféricos e distritos.
Logo, se o rascunho virar desenho, o futuro prefeito pode acabar eleito com pouco dinheiro e baixa mobilização, apenas repetindo mantras. Seria absurdo? Não, até porque já faz parte da história nacional.
E aí, esquerdista, vai sair do armário? E se sair, será que vai ter ferramenta pra bater de frente com os chavões contemporâneos?
Vamos ver.