Por Professor Nazareno
Publicada em 30/09/2019 às 09h12
Professor Nazareno*
O Brasil vive hoje momentos muito difíceis. Nossa democracia corre riscos e parece que estamos voltando à Idade Média em muitas áreas, principalmente na política. Voltaire nos ensinou que é possível não concordar com uma única palavra do que se diz, mas que é importante respeitar o direito de qualquer pessoa se expressar. Isso foi dito lá pelo final do século XVIII em plena Revolução Francesa e as sociedades mais civilizadas vêm repetindo esse mantra com o passar dos anos. De um modo geral, os brasileiros desconhecem minimamente essas regras e qualquer outra ação civilizatória. E isso se tornou patente com a ativista sueca Greta Thunberg. A jovem escandinava de apenas 16 anos, que sofre da Síndrome de Asperger, encampou a defesa do meio ambiente e de certa maneira vem atormentado os líderes mundiais por causa do clima.
Em vez de se discordar com argumentos das ideias defendidas por ela, muitos marmanjos se especializaram em tecer comentários maldosos e infames contra a menina. Falam, sem muitas provas, que ela está sendo financiada por George Soros, megainvestidor húngaro-americano e um dos homens mais ricos do mundo. Afirmam maldosamente que ela além de ser da esquerda está por trás de interesses escusos. Bastaram apenas cinco minutos de um discurso na ONU na Cúpula de Ação Climática no mês passado para que ela virasse alvo de uma cruel campanha difamatória no mundo inteiro. Pior, nenhuma dessas acusações se sustenta, já que todas são baseadas em desinformação e fofocas. No Brasil, até o filho do presidente Jair Bolsonaro e candidato a embaixador do Brasil nos EUA, Eduardo Bolsonaro, também entrou nesta “jogada”.
Além disso, em Natal no Rio Grande do Norte, um “jornalista” bolsonarista absurdamente disse ao vivo que “ela precisa de sexo para parar com este histerismo”. Infelizmente, os ataques à ativista se multiplicam no mundo inteiro como se o que ela está defendendo prejudica a sociedade, o planeta, a civilização. Greta Eleonora Ernman Thunberg é uma criança ainda e além e falar o inglês fluentemente sabe o que está fazendo. Em Rondônia a fumaça deste ano só diminuiu por causa da ação, embora tardia, de alguns órgãos de defesa do meio ambiente, que só agiram depois da pressão da França e de outros países da União Europeia. A “Cúpula do Clima na ONU” serviu de pressão para que se respeitassem mais a sofrida Rondônia. Com a sua fala, Greta Thunberg contribuiu para a diminuição das doenças provocadas pela fumaça por aqui.
Nunca vi nenhum adulto defender o meio ambiente com a tenacidade e o vigor desta garota escandinava. De vilão do clima com as queimadas todos os anos, o incendiário Estado de Rondônia deveria agradecer a ela pelo fim da fumaceira. Ao lado de outro ícone, o brasileiro cacique Raoni, a “jovem viking” já foi indicada para receber o Prêmio Nobel da Paz deste ano, que será anunciado em outubro próximo. Duvido que Wilson Witzel, o polêmico governador do Rio de Janeiro ou outro bolsonarista qualquer, fosse indicado a tal honraria. Bolsonaro e seu governo medíocre não ganharia prêmio nenhum com sua política chinfrim e estúpida. Os “bolsomínios” vão ter que engolir a Greta Thunberg e as suas ideias por muito tempo ainda. E se tudo o que esta ilustre ativista está defendendo for mentira, falácia, ilusão, exagero, tudo já valeu a pena, pois quem não gostaria de viver sem queimadas e sem a fumaceira de Rondônia?
*É professor em Porto Velho