Por Vinicius Canova
Publicada em 18/10/2019 às 11h50
Porto Velho, RO – A concessionária Energisa SA já ultrapassou todos os limites do aceitável e, desde logo, justifica não só a execração popular a qual tem recebido reiteradamente sem se importar, mas também – e principalmente –, a defenestração imediata de Rondônia.
O empreendimento tenta explicar à sociedade os custos da operação envolvendo a alta carga tributária como se a única questão fosse o valor das contas. É de fato uma das questões mais absurdas, inegavelmente; por outro lado, os seus abusos constantes demonstram moléstia jamais vista por aqui. E o açoite nas costas do consumidor é a cuspida diária no rosto de uma população hospitaleira e que recebe todo mundo de braços bem abertos.
Ocorre que as criticas envolvendo a pessoa jurídica às vezes não surte o efeito esperado porque flutuam no limbo da subjetividade. É preciso ter um ser humano responsável que seja cobrado diretamente sem delongas, desprotegido do casulo capsular do CNPJ.
André Theobald: o homem que precisa ser cobrado pelos descasos da Energisa em Rondônia
E essa pessoa é André Theobald, diretor-presidente do ramo regional da Energisa SA. Theobald se socorre aos muros da concessionária e aquartela sua cabeça no casco da negligência diretiva. Faz ouvidos moucos aos reclames e justamente por conta dessa desfaçatez incurável passa despercebido, vez que acobertado pela blindagem proporcionada pelo manto de uma logomarca.
Então, para facilitar o trabalho da bancada federal no sentido de iniciar o processo de arrumação das malas da Energisa, aponto, a partir daqui, seis pontos que corroboram com o seu despejo peremptório do estado de Rondônia: au revoir!
01) Dívida bilionária
O presidente da Assembleia Legislativa Laerte Gomes, do PSDB, foi até à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) relatar dois assuntos importantes no que diz respeito à concessionária. O primeiro deles tem a ver com dívida bilionária conservada com o Estado de Rondônia sem que a Energisa coce os bolsos, ou, no caso, abra os cofres e cumpra com as suas obrigações financeiras.
O tucano relatou Projeto de Lei apresentado pelo Executivo estadual onde a intenção é isentar a empresa de bancar multas e juros referentes à dívida em questão, diminuindo a fatura para R$ 700 milhões.
“Mostra o perfil dessa empresa que, para cobrar do cidadão, joga duro: multas e mais multas e contas. Mas para pagar o que deve quer a benção do Poder”, declarou.
02) Chantagem
No mesmo discurso apresentado aos diretores da ANEEL, o peessedebista relatou fato ainda mais grave. “[...] e a Energisa, senhores diretores, e é importante vocês saberem disso, tem mandado através de outras pessoas, através de correspondentes, mandado recados ameaçando a Assembleia e os deputados com dossiês, enfim”.
CONFIRA
03) Os 40% a mais
O depoimento de técnico do Instituto de Pesos e Medidas de Rondônia (IPEM) sobre medidores da concessionária que registram de 40% a mais acima dos marcadores reais de consumo nas residências à CPI da Energisa é estarrecedor. Pior ainda é descobrir que esses medidores em vez de enviados à ANEEL para análise, retornam às mãos do empreendimento.
04) A corrida
Um jornalista de Rondônia flagrou o momento em que dois servidores da Energisa terminavam de mexer no relógio de determinada residência sem notificar o morador com antecedência como manda a lei. Inquisidores no momento inicial do flagra, a dupla saiu correndo após o comunicador se identificar. Com a gravação mantida a despeito do tom ameaçador dos membros da guarnição, os prestadores de serviço pisaram na tábua e saíram correndo. Isto, em vez de se identificarem relatando os serviços realizados até ali: inaceitável.
05) Defensoria na jogada
A população mais pobre necessita do apoio jurídico e gratuito prestado pela Defensoria Pública do Estado (DPE/RO). As demandas são das mais variadas e não param de chegar ao órgão. Agora, com a instalação da Energisa e a quantidade absurda de reclamações, a instituição disponibilizou, a pedido do deputado federal Léo Moraes (Podemos), uma força-tarefa para recepcionar especificamente os reclames voltados à concessionária. Se por um lado a atitude valorosa da DPE/RO se sobressai diante do caos, por outro, infelizmente, baqueia de maneira significativa a profusão dos trabalhos desenvolvidos pela instituição que precisa remanejar parte da logística a fim de ao menos tentar cessar os descalabros da prestadora de serviços.
ASSISTA
06) Procon complacente
No dia 09 de outubro, o advogado especialista em direito do consumidor Gabriel Tomasete expôs em seu perfil no Facebook a complacência do Procon quando o tema está ligado à displicência do grupo gerenciado por André Theobald no estado. Tomasete chamou de “vergonha nacional” o fato de o Procon estadual jamais ter aplicado uma multa sequer contra qualquer empresa.