Publicada em 01/07/2022 às 09h03
A República Tcheca assume nesta sexta-feira (1º) a presidência rotativa da União Europeia (UE). Nos próximos seis meses, o país terá que lidar com a crise dos refugiados ucranianos – a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução da Ucrânia no pós-guerra e a segurança energética do bloco europeu, entre outras questões importantes.
A presidência tcheca da União Europeia será dominada pelas consequências da guerra na Ucrânia, a crise dos refugiados – o país acolheu cerca de 350 mil ucranianos fugidos do conflito – e a ajuda na reconstrução da Ucrânia pós-guerra. Depois da Polônia, a República Tcheca é provavelmente o país que mais apoia Kiev.
Líder do partido Spolu (Juntos), Petr Fiala comemora resultado nas eleições da República Tcheca deste sábado (9), que podem dar a ele o cargo de primeiro-ministro — Foto: Darko Bandic/AP Photo
No programa que traçou para a sua liderança semestral, que sucede a presidência francesa, Praga promete apoiar “os esforços da UE para defender a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.” O novo governo da República Tcheca, que tomou posse em dezembro do ano passado, é liderado pelo primeiro-ministro conservador, Petr Fiala, um historiador e cientista político de 58 anos que passou muito tempo na oposição e conseguiu reunir uma coalizão liberal que engloba partidos de centro-direita à centro-esquerda. Fiala derrubou o magnata Andrej Babis envolvido no caso “Pandora Papers” e em acusações de fraudes.
Logística para o inverno europeu
Em meio a uma guerra que já dura 125 dias e uma crise econômica galopante que mergulha o continente em protestos e inflação, a República Tcheca, este pequeno país da Europa Central, terá também pela frente a árdua tarefa de garantir que o bloco europeu tenha gás natural armazenado suficiente para enfrentar qualquer interrupção no fornecimento do gás russo antes do inverno, tudo isso, sem abrir mão dos planos de “descarbonizar” a economia europeia.
Apesar das ameaças de Moscou em aumentar os cortes de gás, a comissária de energia da UE, Kadri Simson, disse que as reservas do bloco devem estar 90% cheias até 1º de novembro. No início do mês, a companhia russa Gazprom cortou totalmente o fornecimento de gás natural para a Holanda, Polônia, Finlândia e Bulgária. A medida foi uma retaliação à recusa destes países a pagarem pelas importações de gás em rublos. Na semana passada, a Alemanha elevou o nível de alerta energético após os cortes de gás russo, deixando os alemães mais próximos de um racionamento.
Praga vai coordenar negociações sobre clima
A União Europeia estabeleceu uma meta para reduzir os gases de efeito estufa no bloco em 55% até 2030, em comparação aos níveis de 1990, e atingir a neutralidade climática até 2050. Agora será preciso passar da promessa à ação. Praga terá a missão de supervisionar as negociações entre o Parlamento e o Conselho Europeu sobre o chamado “Fit for 55”, um plano ambicioso da Comissão Europeia para a redução de emissões.
Esta semana, a União Europeia obteve um acordo histórico para eliminar carros com motor a combustão até 2035. Com isso, a partir desta data, todos os carros novos deverão ter emissão zero no continente. Além destas metas climáticas, outros destaques na agenda da presidência tcheca da UE serão fortalecer as capacidades de defesa da Europa, cibersegurança e reforçar a resiliência estratégica da economia e das instituições democráticas do bloco europeu. O lema da presidência do Conselho Europeu da República Tcheca é uma citação do ex-presidente do país, Haclav Havel, “A Europa como uma tarefa.”