Publicada em 09/05/2024 às 12h03
Por Larina Rosa*
Porto Velho, RO – Acompanhando as notícias da tragédia ambiental do Rio Grande do Sul (RS), fico pensando na segurança de mulheres e crianças que precisam ir para abrigos temporários.
Estamos acompanhando uma das maiores enchentes da história do país, o Rio Grande do Sul (RS), a terra dos gaúchos está praticamente debaixo d’agua. Até o momento mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelos temporais, para se ter uma ideia dos 497 municípios, 417 tiveram algum problema relacionado à chuvarada.
O cenário é de guerra, são muitos os pontos sem energia no estado, o abastecimento de água está escasso, os serviços de telefonia e internet estão prejudicados e as escolas que não foram danificadas estão servindo de abrigo.
Algumas rodovias estaduais estão com bloqueios totais e parciais, o aeroporto está fechado por tempo indeterminado, o governo decretou estado de calamidade. E a previsão para as próximas horas é de chuva.
Como se não bastasse os problemas como falta de água e energia começaram os compartilhamentos de notícias falsas. Isso mesmo, quem podia ajudar atrapalha gerando desinformação para prejudicar o envio de donativos espalhando medo de extravio em quem quer ajudar o povo gaúcho.
Ainda são muitos os casos de crianças desaparecidas, não dá para esquecer o depoimento de uma mãe que procura a filha gêmea de seis meses, e do filho de dois anos que aprendeu a falar socorro ao ouvir gritos enquanto a embarcação que forneceu ajuda virava.
No meio do caos, as mulheres e as crianças ainda convivem com o medo de sofrer abuso e violência. Todas essas situações são ampliadas e se tornam piores quando elas perdem a segurança e as redes de apoio.
Me pergunto como será depois da tragédia, quando essas mulheres e meninas se ocuparão muito mais dos cuidados domésticos para recomeçar. E por conta da sobrecarga precisarão deixar a escola para ajudar a família e dificilmente voltarão a estudar. Ou aumentar os números de casamento infantil para ajudar a prover o sustento da família.
No meio do caos, para tentar ajudar a amenizar a situação precária, alguns perfis estão fazendo o bom uso das redes sociais. Aqui no estado, o Governo de Rondônia iniciou a campanha de arrecadação de doações. Os pontos de arrecadação são: Secretarias Estaduais , Corpo de Bombeiros, Unidades de Tudo Aqui e Palácio Rio Madeira (CPA). Nesses pontos você pode colaborar com colchões, cobertores, lençóis, kit de higiene pessoal, absorventes, cestas básicas e garrafas de água.
Todos nós somos influenciadores do nosso ciclo social, quem não pode participar das vaquinhas ou das arrecadações pode ajudar em compartilhar notícias confiáveis, é hora de divulgar os pontos de coleta, instituições, empresas e ONGs que estão envolvidas na causa.
Não podemos mais ignorar que a emissão de gases estão ameaçando a vida do planeta, provocando o aquecimento e mudanças climáticas. E que as necessidades e vulnerabilidade de cada grupo podem ser diferentes. Mesmo que de longe nossas ações influenciam a vida de diversas pessoas, o clima só está respondendo aos alertas dos cientistas.
Precisamos exigir medidas urgentes por parte do governo para enfrentar a crise climática e evitar que tragédias como essa continuem acabando com os sonhos de milhares de mulheres e crianças que merecem viver com dignidade e respeito.
*Jornalista rondoniense que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres