Publicada em 04/01/2025 às 09h46
Porto Velho, RO – Os mais de dois anos de atuação da bancada federal de Rondônia no Congresso Nacional trouxeram pouca ou nenhuma solução para os gargalos essenciais do estado. Divididos entre interesses partidários, ideológicos e pessoais, os parlamentares não apresentam uma agenda articulada para temas que deveriam ser prioritários, como infraestrutura, saúde, segurança e o incentivo ao desenvolvimento econômico. Essa fragmentação prejudica Rondônia, um estado com desafios estruturais que dependem da atuação coordenada de seus representantes no Legislativo federal.
Na composição do Senado, Rondônia é representada por Confúcio Moura (MDB), Marcos Rogério (PL) e Jaime Bagattoli (PL). No entanto, ao invés de atuarem de forma colaborativa, os três senadores têm trilhado caminhos que mais servem para reforçar seus nichos ideológicos e eleitorais do que para atender às necessidades do estado. Confúcio Moura, único aliado do governo Lula (PT), tem buscado alinhar-se com pautas nacionais do Planalto, e até tem resultados tangíveis que reflitam benefícios concretos para Rondônia. Lado outro, percebe-se, nos últimos meses, movimentações através do seu blog e assessoria na tentativa de desvincular-se da esquerda. Sem uma identidade política, equilibrando-se em cima do muro, Confúcio escancara suas intenções eletivas buscando a reconciliação com a parcela mais à direita da população. E, como já escreveu o Rondônia Dinâmica em outra ocasião, não vai "colar".
Por outro lado, Marcos Rogério e Jaime Bagattoli, ambos do PL, optam por uma postura de oposição ao governo federal, o que os coloca em uma posição isolada em muitas discussões estratégicas. Rogério, que já disputou o governo de Rondônia e tem planos eleitorais claros para o futuro, foca seus esforços em manter uma base de apoio consolidada entre eleitores conservadores. Enquanto isso, Bagattoli, com um mandato que se estende até 2030, parece ainda mais distante das preocupações cotidianas do estado, limitando-se a declarações pontuais que não se traduzem em ações práticas.
Entre os deputados federais, a situação é igualmente desalentadora. Muitos parlamentares parecem mais interessados em promover bandeiras individuais do que em colaborar para resolver os problemas coletivos do estado. Lúcio Mosquini (MDB) tem uma atuação voltada quase exclusivamente ao agronegócio, setor importante para Rondônia, mas que não abrange todas as necessidades de uma população diversa e com demandas crescentes em outras áreas. Já Sílvia Cristina (PL), conhecida por seu trabalho na área da saúde, concentra esforços em causas específicas, como o combate ao câncer -- louvável, diga-se de passagem --, mas pouco se engaja em temas mais amplos e urgentes em moldes plurais.
Lebrão (União Brasil), por sua vez, adota uma postura silenciosa que beira a omissão. Sem destaque em debates nacionais ou estaduais, sua atuação é quase imperceptível. Esse distanciamento contrasta com a necessidade de Rondônia por vozes ativas que possam articular soluções no Congresso.
No entanto, o mais inícuo de todos é Maurício Carvalho (União Brasil), que ocupa o cargo de coordenador da bancada federal. Provavelmente um dos piores coordenadores de bancada da história recente, Carvalho demonstra uma incapacidade alarmante de articular a bancada para resolver problemas estruturais. Temas como a crise aérea em Rondônia, que afeta diretamente a conectividade e o desenvolvimento econômico do estado, permanecem sem qualquer avanço significativo. Ao invés de liderar esforços para superar desafios como esse, Carvalho parece mais preocupado com projetos pessoais e familiares. Sua atuação em prol da campanha eleitoral de sua irmã, Mariana Carvalho (União Brasil), nas eleições municipais de Porto Velho, expôs suas prioridades deslocadas. Mariana acabou derrotada por Léo Moraes (Podemos), e Rondônia segue sem uma liderança efetiva no Congresso.
Agora, com o fracasso político recente, seria o momento ideal para que Carvalho assumisse a responsabilidade de promover maior união entre os parlamentares rondonienses. Entretanto, sua postura continua marcada por dispersão e falta de foco. Em um cenário onde as divergências políticas são inevitáveis, o coordenador da bancada deveria atuar como um mediador, buscando pontos de convergência que atendam ao interesse coletivo. Infelizmente, esse papel ainda não foi desempenhado.
A falta de articulação entre os membros da bancada federal de Rondônia não é apenas um problema político, mas também econômico e social. A ausência de uma agenda coordenada significa que temas estruturantes, como a melhoria das estradas, a expansão do acesso à saúde pública e o incentivo à industrialização, continuam sendo adiados indefinidamente. Além disso, a divisão entre os parlamentares dificulta a obtenção de recursos federais e a aprovação de projetos que poderiam beneficiar o estado.
O momento atual exige mudanças urgentes. Rondônia precisa de uma bancada que coloque os interesses do estado acima de rivalidades partidárias e disputas ideológicas. Sem isso, a população continuará a pagar o preço da inércia e da falta de liderança. O estado só avançará quando os parlamentares deixarem de lado seus projetos eleitorais e começarem a trabalhar juntos por Rondônia.
Se os parlamentares não tomarem consciência da gravidade da situação, os próximos anos podem representar mais um período de oportunidades perdidas para Rondônia. A população merece mais do que discursos e promessas vazias; merece ação concreta e resultados palpáveis. E o tempo para isso começa agora.