![Júnior Gonçalves rejeitou “demissão negociada”; Maurício e Mosquini 200% sintonizados; e três partidos podem se fundir](/uploads/8yqiffufyj3ggcs.jpg)
Publicada em 11/02/2025 às 09h49
RESENHA POLÍTICA
ROBSON OLIVEIRA
A QUEDA
Junior Gonçalves, o mais longevo chefe da Casa Civil, resistiu o quanto pôde no cargo depois de trinta dias de fogo cruzado das entranhas do governador. A exoneração chegou a suscitar apostas nos meios políticos na semana passada, mas somente ontem (10) foi oficializada no Diário Oficial do Estado. Marcos Rocha demitiu seu até então principal auxiliar que por seis anos exerceu as funções como seu fiel escudeiro e articulou de forma espetacular a reeleição. Foi uma queda anunciada que deixa rusgas profundas.
CONSOLAÇÃO
O Coronel Raulino Ferreira da Silva, Secretário Executivo do Governo, foi o emissário de Marcos Rocha que comunicou a Junior Gonçalves a exoneração. Na conversa, Silva chegou a propor que o próprio Junior requeresse a exoneração, o que foi rechaçado pelo demissionário. A coluna apurou que o governo chegou a propor uma nomeação da Jucer como prêmio de consolação, mas Junior Gonçalves rejeitou qualquer demissão negociada. Restaram rusgas que somente o passar do tempo vai poder mensurar o tamanho das mágoas acumuladas entre eles.
COMEMORAÇÃO
No entorno do gabinete governamental houve uma comemoração grande pela demissão do secretário mais poderoso da era Marcos Rocha. Quem sai forte do episódio é Elias Resende que, nos bastidores, foi o principal protagonista na fritura de Junior e sonha em substituir o antigo desafeto. No entanto, Marcos Rocha teria confidenciado às pessoas próximas que tem dúvidas sobre a indicação de Resende para a vaga.
DESDOBRAMENTOS
É preciso acompanhar com mais atenção os bastidores do governo para avaliar o desdobramento da decisão de Marcos Rocha em exonerar o irmão do vice-governador. O fato é que a candidatura senatorial de Marcos Rocha não vai ser tão tranquila como muitos avaliavam entre os apoiadores do governador. O episódio apenas agrava as relações políticas futuras, visto que será o pleito mais disputado em todos os tempos.
REPUBLICANOS
Legenda do espectro da direita, mas suscetível aos pragmatismo do momento, o Republicanos vem sendo o partido cobiçado por deputados federais rondonienses que aguardam a “janela” (mudança na lei eleitoral) para que possam ingressar sem que percam o mandato. Os deputados federais Lúcio Mosquini (MDB) e Maurício Carvalho (UB) andam conversando com Marcos Pereira – presidente nacional do Republicanos, visando assumir o partido em Rondônia.
DIÁLOGO
Em conversa com a coluna, Maurício Carvalho informou que é cedo para decidir mudança de partido, mas não descartou a possibilidade de sair do UB e se filiar ao Republicanos. Explicou, no entanto, que tem conhecimento do interesse do colega Lúcio Mosquini na legenda e que ambos vêm dialogando sobre ao assunto: “Eu e Lucio estamos sintonizados 200%”, garantiu Maurício.
GIGANTISMO
Há em Brasília um movimento intenso entre os partidos Republicanos, PP e União Brasil para que se unam numa federação ou mesmo numa fusão. Na primeira opção os partidos formam um bloco partidário que atua de forma unificada em todo o país e são obrigados a permanecer juntos por quatro anos. Na segunda, todos os partidos são fundidos num nova legenda. Isto significa que nasceria um novo partido com uma bancada avassaladora e maior que as demais existentes.
REVIRAVOLTA
Caso ocorra a configuração acima mencionada, necessariamente haverá uma reviravolta nas direções partidárias. Os atuais presidentes dos partidos União Brasil (Junior Gonçalves), Republicanos (Aparício Carvalho) e PP (Sílvia Cristina) perdem a condição de mandatários das atuais agremiações partidárias e uma nova surgiria com novo diretório.
CANDIDATURA
Mosquini tem reafirmado que é candidatíssimo a governador e que é único disposto a enfrentar a disputa nas circunstâncias atuais. Revelou ainda que seu comportamento firme na defesa dos interesses do setor produtivo o credencia a pleitear a vaga de chefe do executivo estadual, embora uma campanha majoritária exija um amplo apoio para se viabilizar, além de apenas um setor econômico. Mosquini pode ser corajoso como revelou à coluna, mas até os bagres do Madeira sabem que o apoio de um único segmento da sociedade não é o bastante para vencer um pleito governamental. É necessário ampliar o espectro, além do candidato exalar um certo carisma para interagir com o eleitor. Como simpatia não é o forte e os bois não votam, Mosquini será obrigado a dosar o discurso e sinalizar para os eleitores como um todo. Uma disputa ao Senado está fora das ambições do deputado federal.
ENTRAVES
Não é tarefa fácil para as executivas do PP, União Brasil e Republicanos fundir as três legendas numa nova agremiação partidária porque existem entraves nos estados por incompatibilidades entre dirigentes. As dificuldades são imensas para compatibilizar essas diferenças e unir adversários num mesmo partido. Podem até professar as mesmas posições ideológicas, mas as brigas regionais e pessoais são entraves quase intransponíveis para que a fusão avance. No nordeste, por exemplo, há municípios que adversários são inimigos seculares, com famílias se digladiando anos seguidos, muitas delas filiadas ao PP, UB e Republicanos. Entraves que em Rondônia não se repetem.
FICHA LIMPA
A proposta do deputado bolsonarista Bibo Nunes (PL-RS) em reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade, por meio de um projeto de lei que enfraquece a Lei da Ficha Limpa, ganha força no Congresso Nacional. Em tese, a proposta não altera a Lei da Ficha Limpa (Lei complementar 135, de junho de 2010), a tática é alterar a Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar 64, de maio de 1990), dando-lhe uma nova redação e interpretação com menos alcance.
INCONSTITUCIONALIDADE
A mudança em tramitação da Lei Complementar 64, dificilmente o Supremo Tribunal declararia inconstitucional, embora casuística e no formato para beneficiar Jair Bolsonaro. Como o Congresso Nacional pôde ampliar esse prazo por meio da Ficha Limpa ao alterar a Lei das Inelegibilidades, também tem a prerrogativa de reduzi-lo mediante aprovação de um novo projeto. Portanto, a mudança da norma que visa salvar Bolsonaro é perfeitamente constitucional.
CONTUMAZ
Ainda que o Congresso aprove a nova lei para livrar Jair Bolsonaro da inelegibilidade, há uma chance enorme da estratégia dar errada para o destinatário do casuísmo uma vez que ele (Bolsonaro), enquanto presidente, foi um contumaz transgressor da lei e existem vários procedimentos judiciais em andamento que tendem a inabilitá-lo novamente para as eleições 2026. Especialmente sob a relatoria de Alexandre de Moraes. A contumácia de ilegalidades do ex-presidente fatalmente deverá deixá-lo inelegível outra vez. O projeto da anistia, outra saída jurídica que poderia safá-lo do cadafalso eleitoral, perdeu a força com a nova proposta de reforma e mutilação da Lei Complementar 64.